Agência Estado
postado em 21/07/2019 16:13
O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (21) que o Brasil "não pode fazer propaganda contra ele mesmo", ao voltar a mostrar insatisfação com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, e a divulgação de dados que mostraram aumento do desmatamento da Amazônia. Após Bolsonaro questionar as taxas e dizer suspeitar que o diretor do órgão está "a serviço de alguma ONG", Galvão disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que ficou escandalizado com as declarações do presidente.
Neste domingo, ao ser perguntado sobre a situação, Bolsonaro mencionou que o diretor do Inpe tem mandato e que não vai "falar" com ele, tarefa que atribuiu ao ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, e "talvez" ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O chefe do Executivo voltou a dizer que há uma "verdadeira psicose ambiental", apontando não ser "justo" que dentro do País existam pessoas fazendo "campanha contra o Brasil". Para Bolsonaro, "no mínimo", se o dado é alarmante, o diretor do Inpe deveria procurar o ministro e discutir sobre a divulgação dos números.
"Por questão de responsabilidade, respeito, patriotismo, procurar o chefe imediato, no caso o ministro, 'olha ministro, os dados aqui, a gente vai divulgar, devemos divulgar, o senhor se prepare, está tendo uma crise, e não de forma rasa como ele faz, simplesmente coloca o Brasil numa situação complicada", afirmou.
Bolsonaro apontou que o dado pode prejudicar o Brasil em conversas com outros países, citando Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão. "Se você faz acordo aí fora, mesmo nas franjas do acordo, entra a questão ambiental. Nós estamos conversando com os Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão, quer dizer, um dado desse aí, que pode... até a maneira de você divulgar, prejudica a gente", afirmou.
O presidente afirmou também que não "quer fugir da verdade", mas que os dados exibidos "pareceram muito com os do ano passado". Bolsonaro comentou que teria ficado preocupado ao considerar que os números poderiam não condizer com a verdade. "A gente não quer fugir da verdade, mas aqueles dados pareceram muito com os do ano passado, e deu um salto, então eu fiquei preocupado com aqueles números, obviamente, e fiquei achando que eles poderiam não estar condizentes com a verdade", disse.
A polêmica com o Inpe começou com declarações de Bolsonaro um dia depois de a imprensa destacar que dados do sistema Deter-B do órgão mostraram que a área perdida de floresta até meados deste mês já é a segunda maior da série histórica, medida desde 2015.
Bolsonaro minimizou críticas feitas por seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), e pelo deputado Marcos Feliciano (Pode-SP), em relação aos cafés da manhã que tem realizado periodicamente com jornalistas no Palácio do Planalto. Ele afirmou que os encontros serão mantidos apesar de muita gente ser contra e elogiou o porta-voz, Otávio Rêgo Barros, responsável por organizar os encontros.
"Ele é uma pessoa que tem tratado com muito zelo, muita preocupação. Ele ajudou a me convencer para esses cafés, tive críticas de muitas pessoas achando que eu devia ignorar vocês. Às vezes a manchete é péssima, mas a matéria é boa, e eu tô na máxima verdade acima de tudo", disse.
Carlos e Marco Feliciano afirmaram nesta semana pelo Twitter que os jornalistas tiram de contexto o que é dito pelo presidente nos encontros. "A princípio está mantido. Apesar de uns chatos de vocês, a gente suporta e eu acho que vale a pena. Se eu desse uma entrevista, uma pessoa poderia distorcer, mas várias, não", disse.
Questionado sobre se pretendia mudar as regras para a indicação de presidentes de bancos públicos, Bolsonaro afirmou estar feliz com os que indicou durante o seu governo e evitou fazer outros comentários por "desconhecer a legislação" sobre o assunto. "Estou tão feliz com os que eu indiquei, que indiquei não, que eu recebi o currículo do Paulo Guedes, ministro da Economia. Não se mexe em time que está vencendo", disse.