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MPT monitora trabalho infantil

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 26/07/2019 04:05

Em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho (MPT) lançou ontem o Observatório da Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil. No evento promovido para divulgar a ferramenta, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, se declarou preocupado com o tema. ;Vivemos tempos estranhos. Vivemos tempos de banalização do trabalho infantil, em que ele é usado até como justificativa de sucesso;, disse.

O procurador comentou ainda a declaração do presidente Jair Bolsonaro, que no início de julho, em uma das habituais transmissões pela internet, disse que o trabalho dignifica o homem ;não interessa a idade;. Para Fleury, após a fala do presidente, várias pessoas romantizaram o trabalho infantil. ;Gera esse efeito de banalização, e é isso que nossa sociedade não pode admitir. Não podemos achar normal crianças trabalhando. Temos que manter nossa capacidade de indignação;, afirmou.

Segundo o procurador, a situação se torna pior quando a sociedade deixa de enxergar o problema. ;Cabe às autoridades condenar o trabalho infantil, e não romantizá-lo;, completou. O procurador exaltou o trabalho do observatório, já que, de acordo com ele, o Brasil é um dos países que mais produz em dados. ;Isso ajudará o próprio governo a ter o conhecimento real da situação do trabalho infantil no Brasil;, avaliou.

Este é o terceiro observatório lançado pelo MPT, que conta com iniciativas semelhantes sobre trabalho escravo e sobre saúde e segurança do trabalho. A ferramenta, que pode ser acessada por qualquer pessoa, mostra dados relevantes do trabalho infantil pelo Brasil. Um dos mais citados pelas autoridades presentes foi o número de acidentes entre crianças engajadas indevidamente em atividades produtivas.

Segundo informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, 300 mil acidentes com crianças e adolescentes com até 17 anos de idade foram notificados em 2007 e 2018. No mesmo período, foram registrados 42 óbitos em decorrência de acidentes.

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