Brasil

Lisboa terá rua com nome de Marielle Franco

Homenagem à vereadora carioca, assassinada há 500 dias, foi aprovada pela Câmara Municipal da capital portuguesa. No Rio, familiares lançam instituto para preservar a memória da defensora da causa das comunidades pobres e das mulheres negras

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 27/07/2019 04:05
Polícia prendeu responsáveis pela execução, mas não chegou aos mandantes do crime. Motorista também morreu

Hoje, dia em que Marielle Franco faria 40 anos, também se completam 500 dias do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Ontem, a Câmara Municipal de Lisboa, Portugal, aprovou por unanimidade uma proposta do vereador Manuel Grilo, do partido Bloco de Esquerda, para a criação de uma rua com o nome de Marielle Franco na capital portuguesa.

;Temos a honra de poder homenagear a Marielle Franco, vereadora de esquerda que foi brutalmente assassinada no Rio de Janeiro em 2018. A sua memória perdurará também em Lisboa, porque as causas pelas quais lutava são as nossas; escreveu Grillo em uma rede social.

No Rio, o principal ato de homenagem organizado pelos familiares será a divulgação e o lançamento oficial do Instituto Marielle Franco e do site do projeto, criado por Anielle Franco, irmã da vereadora. O evento acontecerá no Galpão Bela Maré, que fica na entrada da Favela da Maré, onde Marielle foi criada.

;Eu queria fazer algo em prol das mulheres negras. A gente sempre lutou muito pela causa desde pequena, mas é óbvio que, depois da morte dela, algumas coisas afloraram em mim;, disse Anielle Franco ao Correio. Com o apoio de toda família, a ideia, que surgiu no final do ano passado, se transformou em realidade. ;O Instituto tem quatro pilares: busca pela justiça, defesa da memória, multiplicação do legado e cuidado das sementes plantadas;, pontuou.

Hoje, a irmã da vereadora, que é diretora do instituto, receberá algumas deputadas eleitas, consideradas ;sementes; de Marielle, para um bate-papo. Mônica Francisco, Renata Souza, Talíria Petrone e Erica Malunguinho participarão do encontro.

Além da roda de conversa, o evento também terá oficina de afrofunk. ;Eu sei que, se fosse ao contrário, ela faria algo pelo meu aniversário, porque ela adorava comemorar. Então, pra mim, a data não pode passar em branco;, disse Anielle.

A data por si só já seria especial para familiares e amigos, mas a carga emocional fica ainda maior já que a investigação do caso não foi concluída. Apesar de se lembrar com alegria de Marielle, a irmã confessa que a data traz uma mistura de emoções.

;A data, para a gente, tem vários sentimentos. É uma mistura de saudade com indignação, força e alegria;, afirmou. Anielle contou que são os pais quem acompanham mais de perto os detalhes das investigações. ;Confesso que, no fundo, a gente segue na esperança de resolver o caso, seja lá de que forma for e quando;, disse.

As investigações têm uma importante etapa marcada para semana que vem. Na próxima sexta-feira, será realizada a segunda parte da audiência de instrução e julgamento dos réus do homicídio de Marielle e Anderson, o sargento reformado da PM Ronnie Lessa e o ex-policial Élcio Vieira de Queiroz.

Em março passado, os dois foram presos no dia em que o crime completou um ano. Eles estão encarcerados na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, para onde foram transferidos no início deste mês.

A polícia, entretanto, ainda não identificou o mandante ou os mandantes do crime. A primeira parte da audiência do processo ocorreu em junho. Na segunda fase, estão sendo aguardados para depor o primeiro encarregado das investigações, delegado Giniton Lages, e a viúva de Marielle, Mônica Benício.

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