postado em 27/07/2019 04:05
O presidente Jair Bolsonaro voltou a polemizar. Em defesa das medidas adotadas pelo governo para favorecer os condutores de automóveis, como o projeto de lei que amplia a validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cinco para 10 anos, ele aventou a possibilidade do fim das aulas práticas de direção nas autoescolas, ao dizer que, com 10 anos de idade, aprendeu a dirigir um trator na fazenda em que trabalhava com o pai, em Eldorado (SP).
A sugestão foi ponderada no contexto de mudanças para baratear o custo de tirar uma CNH. ;Eu, com 10 anos de idade, aprendi a dirigir trator na fazenda em Eldorado Paulista. E acho que nem devia ter exame de nada. Parte escrita apenas, e ir para a prática logo. Não tem que cursar autoescola, ter aula de um monte de coisa que já sabe o que vai acontecer;, declarou.
As declarações foram dadas na quinta-feira, durante a tradicional live, quando ele reforçou a ideia de que basta ter ;uma prova prática e uma prova escrita ali;. ;Seria o suficiente para tirar a carteira de habilitação. Mas vamos deixar isso para um segundo momento;, declarou. Bolsonaro defendeu, ainda, que o Congresso não inclua no projeto enviado por ele a obrigatoriedade dos simuladores. ;Eu espero que a Câmara não bote a obrigação dos simuladores de novo. Porque tem muito sentido espúrio nisso aí;, alertou.
Os comentários de Bolsonaro repercutiram mal no setor. O especialista em gestão, educação e segurança no trânsito Magnelson Carlos de Souza, presidente do Sindicato das Automoto Escolas e Centros de Formação de Condutores de São Paulo (Sindautoescola-SP), repudiou as declarações do presidente. ;É fato que a formação de condutores, como é hoje, precisa ser revista, aprimorada e atualizada, porém, é imprescindível que exista um conjunto de ações, normas e diretrizes a serem seguidas;, analisou, em carta publicada no portal da entidade.
O especialista avalia que a sugestão de Bolsonaro não é a solução para reverter os números ;cada vez mais preocupantes; do trânsito. Na carta, frisa que um acidente por minuto é registrado no Brasil e que o trânsito é a terceira causa de morte no país, com 37 mil óbitos contabilizados por ano. ;E 70% delas envolvem jovens de 18 a 25 anos;, alertou.
Magnelson destacou que ;todo o setor está à disposição do governo para se adequar a esse novo momento de mudanças;, embora faça ponderações. ;Entretanto, somente com respeito a todas as entidades e órgãos envolvidos com o trânsito brasileiro é que poderemos construir um novo cenário;, avisou, finalizando com críticas. ;O que nos causa profunda preocupação e temor é a maneira simplista e inadequada que esse assunto está sendo levado à sociedade brasileira. Neste momento de incertezas, se faz necessário, para o bem do trânsito brasileiro e da sociedade como um todo, que o presidente da República tenha responsabilidade ao tratar de um tema tão importante para o nosso país;, disse