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Após massacre, governo envia agentes ao Pará

Um dia depois do confronto que deixou 58 mortos em Altamira, o Ministério da Justiça encaminha Força de Intervenção Penitenciária ao estado. Líderes das facções criminosas que provocaram o conflito são transferidos para outros presídios

postado em 31/07/2019 04:05
Autroridades estaduais transferiram ontem 46 detentos para Belém. Dezesseis serão depois conduzidos para unidades federais de segurança máxima

Um dia após o massacre no Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRA), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, atendeu o pedido do governador do Pará, Helder Barbalho, e autorizou a atuação da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) no estado por um mês. A portaria n; 676 será publicada no Diário Oficial da União de hoje. Esta foi uma das medidas de reforço da segurança dos presídios do estado anunciadas no dia posterior ao maior massacre em prisões de 2019. Ontem, mais um corpo foi encontrado no centro, elevando o total de vítimas para 58.

A Força Tarefa de Intervenção Penitenciária atuará em atividades de guarda, vigilância e custódia de presos. Por questões de segurança, detalhes sobre o efetivo não foram informados, mas de acordo com a Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) do Pará, o governador Helder Barbalho solicitou a Moro o deslocamento de pelo menos 40 integrantes da Força-Tarefa. Dez agentes devem chegar ao estado hoje.

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o número de profissionais disponibilizados ao estado do Pará ;obedecerá ao planejamento definido pelos entes envolvidos na operação;. ;Há ainda presídios naquele estado que serão brevemente finalizados, melhorando o cenário. Vamos ajudar;, postou Moro nas redes ao informar o ato. A decisão foi tomada no mesmo dia em que os 46 detentos envolvidos na briga, que culminou na morte de 57 presos, foram transferidos para Belém.

Dez dos 16 detentos apontados como líderes das facções criminosas envolvidas na tragédia irão para presídios federais. Os seis restantes serão redistribuídos nas penitenciárias estaduais. Os outros 30 envolvidos também foram para a capital paraense em um caminhão-cela na tarde de ontem e serão transferidos para outras prisões.

Diante do massacre e das informações divulgadas por relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que apontou superlotação no presídio de Altamira, o governo do Pará anunciou também que até o fim do ano mais cinco unidades prisionais serão entregues no estado. ;Terão novas casas penais na região de Altamira, Parauapebas, Redenção, Abaetetuba e Vitória do Xingu. Serão mais de 2 mil vagas abertas. Com essas medidas conseguimos melhorar o quadro e o sistema;, afirmou o secretário de Segurança Pública do Pará, Uálame Machado.

O relatório do CNJ, feito ainda neste mês, apontou que o Centro de Recuperação Regional de Altamira estava em condições ;péssimas;. A inspeção revelou que a penitenciária com capacidade para 163 pessoas abrigava 343 detentos e tinha apenas 33 agentes penitenciários atuando no local. A Susipe informou que empossará novos agentes concursados na Escola de Administração Penitenciária (EAP) no próximo sábado, 3 de agosto.

Identificação

A identificação e liberação dos corpos dos presos que foram mortos no confronto entre as facções também começou a ser feita ontem. No primeiro dia de trabalho, o Instituto Médico Legal (IML) do município conseguiu liberar 10 corpos. Uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros, presta serviço de atendimento e acolhimento às famílias das vítimas fatais por tempo indeterminado.

;Iniciamos a contagem de vítimas, a comunicação às famílias, estamos trabalhando na identificação dos corpos. Isso tudo é prioridade. Estamos dando todo o suporte para o CPC para que o trabalho de identificação seja feito o mais rápido possível, além de acelerar os inquéritos e a própria transferência dos 46 para outros presídios; ressaltou Uálame Machado.


;Pergunte às vítimas;
Enquanto o ministro de Justiça, Sergio Moro, se manifestou de forma tímida nas redes sociais sobre o ocorrido, o presidente Jair Bolsonaro foi breve e incisivo nas declarações, sempre polêmicas. Ao sair do Palácio da Alvorada, o presidente foi questionado sobre o massacre de detentos no presídio de Altamira, e afirmou que falaria depois sobre o assunto. ;Pergunta para as vítimas dos que morreram lá o que eles acham. Depois que eles responderem, eu respondo vocês;, disse o presidente, antes de entrar no carro oficial.


Rodovias federais receberão radares
A juíza Diana Wanderley da Silva, da 5.; Vara Federal de Brasília, homologou acordo para a instalação, em até 60 dias, de 1.140 radares em rodovias federais pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Na decisão, a magistrada indica que se trata do maior acordo judicial da história do órgão. Entre as partes estão ainda o Ministério Púbico Federal, a União, e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Em março, o presidente Jair Bolsonaro tinha dito que barraria a instalação de 8 mil radares. Um mês depois, a juíza desautorizou o presidente e impôs a renovação de contratos com fornecedores dos equipamentos.




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