postado em 01/08/2019 04:05
O risco que a lentidão no investimento em hidrovias traz para o país é o de segurar o setor de cargas e logísticas preso no mesmo patamar. Dessa maneira, pequenos avanços serviriam apenas para a manutenção de hidrovias, sem desenvolvimento real. Quem alerta é o diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Adalberto Tokarski, que destaca a necessidade de ampliação do fomento para uso dos rios mas, também, de todos os modais, para promover um avanço substancial de todo o setor.
;A primeira coisa que temos que ter é uma política de fomento elaborada para a utilização dos rios. Nosso principal modal no país, hoje, é o rodoviário, e a sociedade cobra melhorias e ampliação. Os demais, hidroviário e ferroviário, só determinados setores cobram (a melhoria);, diz Tokarski. ;Se não tivermos uma política que considere como estratégico o uso dos rios, esse crescimento será lento. Precisamos reforçar toda a estrutura de transporte do país, inclusive a rodoviária. Mas, se atacarmos tudo com o ritmo atual, não vamos sair do patamar atual;, alerta.
Custos
O diretor da Antaq destaca, ainda, o custo das rodovias federais. Além de poluir mais, ele afirma que 50% dos acidentes em rodovias federais têm um caminhão envolvido. Fato é que, segundo números do SUS de 2017, 34.336 pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil. No período, o sistema registrou 181.120 internações. Os gastos com saúde ficaram em cerca de R$ 252,7 milhões. ;O transporte hidroviário é mais estratégico, com melhores custos de implantação e manutenção. Nas estradas, temos muitas mortes e vítimas que ficam sequeladas. Cerca de 50% dos acidentes têm caminhão envolvido. A manutenção é mais cara e o custo ambiental, mais alto;, compara.
;O transporte de uma tonelada de um determinado produto por um quilômetro em uma hidrovia emite de 33g de CO2. Em uma ferrovia, 48g. Na rodovia, 164g. O modal hidroviário tem várias vantagens. Para isso acontecer, não vejo outra solução, senão, o governo fomentar. Quem ganha é a sociedade. Essa mudança de modelo de transporte é benéfica, e os países mais desenvolvidos a utilizam cada vez mais;, acrescenta Tokarski. ;Eu acho que essa reflexão está acontecendo na sociedade. Talvez, com um enfoque maior nas ferrovias, mas, muito aquém do que deveria ser. O governo está elaborando uma MP para fomentar a diminuição da burocracia e dos custos do setor;, destaca.