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Mesmo sem investimento, transporte de carga avança

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 02/08/2019 04:05
A falta de segurança nos rios brasileiros aparece na lista dos principais problemas do setor, em levantamento feito pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em que constam outros 11 itens, que vão da falta de eclusas e carência de fomento à indústria naval à necessidade de isenção de ICMS sobre combustível e uma permissão para formação de profissionais com autorização da Marinha. Apesar do descaso histórico dos governos com as hidrovias, o total de carga transportada nos rios tem crescido com o passar dos anos.

Isso, claro, se os dados ficarem restritos à navegação interior, que transportou 27,7 toneladas de carga em 2015, 27,9t em 2016, 36,2t em 2017, e 37,5t em 2018. O incremento ocorre apesar de os investimentos do governo estarem em queda, conforme o Correio revelou na edição anterior do especial O esquecido caminho das águas. ;Sabemos dos limites orçamentários do país, mas é preciso uma atenção maior para as hidrovias, uma política de transportes mais efetiva, considerando o potencial do modal, dos baixos custos e do próprio apelo ambiental;, alerta Bruno Martins, diretor executivo da CNT.

De acordo com o vice-almirante Roberto Carneiro da Cunha, existem 762.250 embarcações classificadas para navegação interior, inscritas nas Capitanias dos Portos, delegacias e agências subordinadas à Marinha do Brasil (MB). ;Esse quantitativo é composto por pequenas embarcações que atuam no transporte de pessoas em comunidades remotas, embarcações de pesca, e, ainda, grandes comboios que fazem transporte de grãos, especialmente na Região Amazônica. Esses comboios também fazem o transporte de produtos e insumos gerados na Zona Franca de Manaus;, explica.

Para o militar, o país tem vocação para ;o escoamento das commodities agrícolas e minerais;, mas o potencial é pouco aproveitado. ;A participação do transporte hidroviário interior (THI) é ainda incipiente. Cerca de 5%, considerando a distribuição atual do transporte de carga entre modais, quando comparado com o transporte ferroviário, 30%, e rodoviário, 52%. No que tange ao transporte de passageiros, também possui participação pequena quando comparado ao rodoviário e aeroviário;, disse.

O vice-almirante lista, ainda, as vantagens do setor, considerado ;mais eficiente em termos energéticos, menos impactante ao meio ambiente, mais seguro e confiável e mais econômico, tanto em implementação de infraestrutura, como em diminuição de preços das mercadorias;. ;Como exemplo de aproveitamento eficiente de transporte, destaca-se a Hidrovia Tietê-Paraná que possui grande relevância para o estado de São Paulo. No ano de 2018, foram transportados 8,43 milhões de toneladas de carga nessa hidrovia;, lembra.

A falta de interesse em investir no setor é o principal motivo para as limitações, afirma Marcos José Corrêa Bueno, especialista em logística e professor da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo. Ele destaca que os custos são altos, mas, por diversas vezes, governos tiveram a oportunidade, mas optaram por outros investimentos. ;É preciso fazer a limpeza de leitos, retificação de curso de rios e melhoria no acesso a portos. Tem um pedral no rio São Francisco que atrapalha a navegabilidade. Já foi orçado em pouco mais de R$ 100 milhões. Tem muitos entraves para serem discutidos;, comenta. (LC e LC)

Barco explode no Amapá
A explosão de um barco em uma região conhecida como Igarapé da Fortaleza, em Amapá, causou a destruição de mais duas embarcações totalmente e de quatro, parcialmente. De acordo com o Corpo de Bombeiros, duas pessoas ficaram feridas gravemente. Um homem de 39 anos e um jovem de 19 foram levados com 80% dos corpos queimados para o Centro de Tratamento de Queimados, em Macapá. O local da explosão é numa região entre os municípios de Macapá e Santana, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Fazendinha. Ainda não há confirmação sobre o que motivou a explosão, mas a suspeita é que tenha relação com manuseio de combustível.

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