Jorge Vasconcellos
postado em 06/08/2019 19:28
Começou nesta terça-feira (6/8), no Fórum de Vila Rica (MT), a 1.259 km de Cuiabá, o júri popular de José Bonfim Alves Santana, acusado pelo duplo homicídio triplamente qualificado do procurador aposentado do Distrito Federal Saint;Clair Martins Souto e de seu filho, Saint;Clair Diniz Martins Souto, que atuava no Ministério Público do Rio de Janeiro. Eles foram assassinados a tiros em setembro de 2016, na fazenda da família, em Vila Rica. O acusado foi preso três dias e confessou o crime.[SAIBAMAIS] ;A vida toda subi na tribuna e nunca pude imaginar que já no apagar das luzes, há tantos anos de profissão, querendo parar, eu fosse fazer Justiça ao meu marido e ao meu filho;, comentou Elizabeth Diniz Martins Souto, advogada, viúva de Saint;Clair Martins Souto e mãe de Saint;Clair Diniz Martins Souto. No julgamento, ela atua como assistente da acusação.
;Eu tenho essa obrigação: é uma homenagem que eu faria a meus filhos e netos. Eles eram dois companheiros maravilhosos. Espero que o conselho de sentença e o juiz dê a pena máxima [a Bonfim]. Nenhuma pena substitui a dor. Se a pena dele é temporária, a nossa dor é infinita e eterna;, afirmou.
No início do julgamento, os advogados do réu dispensaram todas as testemunhas que haviam sido arroladas, após o que foi iniciado o debate entre a acusação e a defesa. A previsão do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT) é que o julgamento esteja concluído na próxima quinta-feira.
O advogado do réu, Oswaldo Augusto Benez dos Santos, diz que tentará a menor pena possível para a Bonfim, já que ele confessou o crime. ;É um dos júris que vai ficar para a história. É um aparato muito grande que, a meu ver, não teria tanta necessidade. Não é porque ele cometeu os delitos que ele se torna uma pessoa extremamente perigosa. Nosso objetivo é atenuar a pena do Bonfim. Ele confessa os dois crimes e a nossa função é uma pena menor;, pontuou.
Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), no dia do crime, Bonfim, que era gerente da fazenda, atirou em Saint-Clair quando o idoso estava montado em um cavalo. A vítima foi atingida pelas costas enquanto andava pela propriedade.
O funcionário, então, foi até o curral da propriedade e procurou pelo filho da vítima dizendo que o pai havia caído no pasto. Os dois foram a cavalo até o local indicado por Bonfim.
Quando Saint-Clair viu o pai caído, desceu do cavalo e se aproximou. Bonfim, ainda montado no cavalo, atirou e matou a segunda vítima pelas costas. O funcionário ainda escondeu os corpos das vítimas.
Para o MPE, os dois procuradores foram mortos porque eles teriam desconfiado que o funcionário estava furtando gado e revendendo os animais, causando um prejuízo de pelo menos R$ 1 milhão à família. O vaqueiro confessou o crime, tanto à polícia quando à Justiça de Mato Grosso.
Com a quebra do sigilo bancário, a polícia descobriu que a movimentação financeira na conta do funcionário, nos últimos meses que antecederam o assassinato, era bem maior do que salário que ele recebia, de R$ 1,2 mil por mês. Ele foi capturado após fazer um saque em uma agência bancária em Colinas do Tocantins. Bonfim era funcionário da família há oito anos.