Brasil

Desinformação da população é desafio na busca da alimentação saudável

Estudiosos da questão se preocupam com o problema de saúde pública, que atinge de crianças a adultos. Evento gratuito do Correio debate o tema em agosto

Maria Eduarda Cardim
postado em 09/08/2019 15:31
A alimentação da fisioterapeuta Marcella Saldanha, 27 anos, mudou após a chegada do filho Bernardo de Oliveira Os brasileiros atingiram o maior índice de obesidade nos últimos 13 anos. De acordo com pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, o número de pessoas nessa condição aumentou 67,8% entre 2006 e 2018. No entanto, este é apenas um dos dados que demonstram os desafios da alimentação saudável no país. Para tratar do tema, o Correio Braziliense promove, na próxima quarta-feira (14/8), seminário com especialistas do setor. Estudiosos da questão se preocupam com o problema de saúde pública, que atinge de crianças a adultos, e que passa por soluções ineficazes do governo e desinformação da população.

Para Ana Paula Bortoletto, líder do programa de alimentação saudável do Idec (Instituto de Defesa de Direito do Consumidor), os dados nacionais revelam que é um problema crescente. Além do número de obesos ter crescido, o levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostra que, em 2018, 55,7% dos entrevistados tinham excesso de peso. A pesquisa foi feita por telefone, entre fevereiro e dezembro do ano passado, com 52.395 moradores, com mais de 18 anos, nas 27 capitais.

A responsável pelo programa do Idec acredita que a forma como o problema é tratado no momento ainda é limitado. ;Faltam soluções efetivas, como a garantia de informação mais clara nos rótulos de alimentos ou medidas fiscais que incentivem o consumo dos alimentos saudáveis;, indica. Para ela, a conquista de uma alimentação saudável foi dificultada nos últimos anos pela mudança nos hábitos da população e o aumento do consumo dos alimentos processados.

A nutricionista explica que os alimentos ultraprocessados, aqueles prontos para consumo, geralmente, têm altas concentrações de sal e açúcar, além de aditivos alimentares. ;A disponibilidade desses alimentos mudou. As pessoas passaram a ter acesso a eles porque ficaram mais baratos, há uma publicidade que envolve as crianças e também existe a falta de informação nos rótulos;, explicou.

A segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, pede que a população evite alimentos ultraprocessados. ;Por conta de sua formulação e apresentação, eles tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados. Suas formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente;, diz a publicação.

A vida e alimentação da fisioterapeuta Marcella Saldanha, 27 anos, mudou após a chegada do filho Bernardo de Oliveira, 3. Bernardo tem alergia à proteína do leite e intolerância à soja, por isso, os produtos ultraprocessados quase não entram em casa. ;Por ter sempre feito atividade física, eu tinha um acompanhamento com nutricionista e já tinha uma alimentação mais restrita por participar de competições, mas a chegada do Bernardo restringiu a minha alimentação já durante a amamentação;, explica.

Um dos maiores desafios após o nascimento dele é a visita ao supermercado, na qual Marcela presta muita atenção aos rótulos. ;É muito difícil. Existem alguns produtos que a parte dos ingredientes é muito pequena. Quem tem em casa um alérgico procura sempre para ver se não tem lactose, glúten e outros. Até para gente que tem conhecimento nisso, é complicado porque os nomes não são fáceis;, avalia.

O evento

Correio Debate: Os desafios da alimentação saudável no Brasil é aberto ao público, mas as vagas são limitadas. Entre os convidados do evento estão o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a chefe da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Maria Edna de Melo; a presidente da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCon), Sandra Lengruber, entre outros. O debate será dividido em dois momentos. O primeiro painel vai abordar as políticas públicas no enfrentamento da obesidade, e o segundo tratará das perspectivas de prevenção da doença, que atinge crianças e adultos.

Participantes
; Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde
; Boyd Swinburn, professor da Universidade de Auckland
; Maria Edna de Melo, chefe da Liga de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
; Carlos Monteiro, professor titular da USP e Coordenador do Nupens
; Ana Paula Bortoletto, líder do programa de alimentação saudável do Idec
; Cristina Albuquerque, chefe da Área de Saúde e HIV/Aids do Unicef
; Sandra Lengruber, presidente da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCon)
; Paula Belmonte, deputada federal

Programe-se

Correio Debate: Os desafios da alimentação saudável no Brasil
Quando: 14 de agosto (quarta-feira)
Onde: auditório do Correio Braziliense
Horário: das 8h às 12h
Inscrições: gratuitas por meio deste site
Vagas limitadas

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