postado em 10/08/2019 04:04
A Polícia Federal deflagrou na manhã de ontem uma operação para desarticular o núcleo que gerenciava o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital, o PCC, uma das maiores organizações criminosas do país, com atuação dentro e fora dos presídios. Batizada de Caixa Forte, a operação cumpriu 52 mandados de prisão preventiva, 48 de busca e apreensão e 45 de sequestro de valores e bloqueio de contas bancárias em 18 cidades de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
A Caixa Forte é uma continuidade da Operação Cravada, realizada na última terça-feira, quando 28 pessoas foram presas. A ação contou com a participação de policiais civis dos estados e agentes da Polícia Rodoviária Federal. ;O setor era responsável por gerenciar o tráfico de drogas, distribuindo os entorpecentes que garantem o sustento da organização criminosa, bem como por orquestrar a lavagem do dinheiro obtido com os crimes praticados;, informou a PF.
As investigações tiveram início em novembro do ano passado, com o monitoramento de trocas de mensagens eletrônicas. Após apreender o celular do chefe do tráfico da facção em Minas Gerais, a PF identificou uma seção ;rigidamente estruturada;, denominada Geral do Progresso, encarregada de administrar a receita obtida com o tráfico.
De acordo com a PF, contas bancárias de pessoas com relações próximas a membros da facção eram usadas para ocultar e dissimular os valores ilícitos. Só no período das investigações, a movimentação financeira ultrapassou R$ 7 milhões. Para lavar o dinheiro, os investigados utilizavam depósitos fracionados, em pequenas quantias e em diversas contas. Dessa forma, os depositantes não eram identificados e não eram ativados os gatilhos que obrigam os bancos a comunicar movimentações de grandes quantias ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
;Fazer pequenas transferências é uma técnica bastante comum, utilizada para não despertar suspeitas. Os valores ficam abaixo de R$ 20 mil, e o Coaf acaba passando batido. Só é possível descobrir que se trata de operações ilícitas e de grande vulto a partir do momento em que há cruzamento de informações;, explicou o criminalista e doutor em direito penal João Paulo Martinelli.
Ele se mostrou surpreso com a transferência de dinheiro para familiares dos criminosos. ;Esse é o primeiro caso que eu vejo. Geralmente, as transferências são feitas para laranjas ou doleiros. Para ter a configuração do crime, tem que ter o dolo. A pessoa tem que ter a consciência de que sua conta está sendo usada para lavar o dinheiro, ou seja, os familiares podem ser responsabilizados e punidos se isso for provado;, disse Martinelli.
De acordo com a Polícia Federal, numa segunda etapa, o dinheiro era transferido para outras contas ou sacado em terminais eletrônicos. Na operação, 45 contas bancárias foram identificadas e bloqueadas. Os presos são investigados pelos crimes de tráfico de drogas, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro, e as penas combinadas podem chegar a 33 anos de prisão.
;O crime organizado está cada vez mais organizado, e é necessário que haja um aperfeiçoamento também no poder público. É importante investir em tecnologia e em pensamento estratégico para que essas situações de burla da detecção de fraudes sejam apuradas antes do cometimento dos crimes. A deflagração dessa nova operação mostra um pouco dessa busca por ações muitas vezes até preventivas.;, ressaltou o criminalista Fernando Castelo Branco.
* Estagiárias sob supervisão de Odail Figueiredo
- Casal detido no porto de Manaus
Um homem e uma mulher, ambos de 37 anos, foram presos com 51 quilos de drogas em uma embarcação no porto de Manaus. Segundo a polícia, a dupla trazia os entorpecentes da cidade de Tabatinga, a 200km da capital amazonense. O material foi encontrado na bagagem do casal, incluindo 43 quilos de maconha e oito quilos de cocaína, que seriam distribuídos em Manaus. Nenhum dos dois tinha passagem anterior pela polícia. Os investigadores apuram, agora, quem seriam os fornecedores
da droga.