Simone Kafruni
postado em 14/08/2019 09:50
Apesar de ter alta incidência solar e grande parte da população estar próxima da costa, o que deveria propiciar a prática de exercícios, o Brasil é líder mundial em sedentarismo. Por isso, a obesidade avança a índices alarmantes no país. O alerta é do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que participa, nesta quarta-feira (14/8), do Correio Debate sobre Os desafios da Alimentação Saudável. O evento tem patrocínio do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), com apoio do Instituto Ibirapitanga.
[SAIBAMAIS]Segundo o ministro, o problema não é só do Brasil. ;O fenômeno é global;, afirmou. México e Estados Unidos têm complexidade no problema, assim como a Europa. ;Países africanos que não tinham nada de obesidade viram os índices aumentarem, assim como os asiáticos. A China, após a migração do campo para cidade, está fazendo investimentos enormes por conta da preocupação com o estilo de vida;, afirmou.
Ao abrir o Correio Debate, Mandetta explicou que usar o tempo de maneira útil, saudável e com qualidade de vida está embasado em dois pilares: alimentação e atividade física. ;Esses dois pilares compõem a vida do ser humano. Desde sempre, a humanidade vem se utilizando do que a natureza lhe oferta;, destacou.
Mandetta assinalou que, quando o equilíbrio entre ingestão e o gasto é desfeito, são percebidas inúmeras situações e problemas de saúde. O que tem se tornado um círculo vicioso, com cada vez mais alimentação industrializada e excessos de açúcar e de sódio. ;Somado a isso, temos o tempo de hora-tela (que representa o sedentarismo em frente ao computador, celular ou televisão) aumentando significativamente.;
O ministro lembrou que as gerações anteriores tinham uma base alimentar muito equilibrada e hoje há uma ruptura disso. ;O Brasil vem do arroz com feijão, do carboidrato com proteína vegetal. Tem uma terra extremamente generosa, com frutas e verduras. Com essa base, atravessamos 500 anos de história com bom ponto de equilíbrio;, disse.
Quando o país entrou na década de 1980, no entanto, as pessoas se tornam mais dependentes dos automóveis e houve popularização dos alimentos industrializados. ;O que antes era uma exceção, uma criança obesa, agora é uma constelação;, alertou.
No Brasil, segundo os dados do Ministério da Saúde, 12,9% das crianças entre 5 e 9 anos são obesas e 17% das menores de 5 anos estão com excesso de peso. ;Isso provoca, no médio e longo prazos, aumento de diabetes, hipertensão, acidentes cardiovasculares, doenças oriundas deste padrão alimentar;, sentenciou Mandetta.
Não é um fenômeno só da sociedade brasileira. É global. As pessoas trabalham sentadas, vão de carro para o escritório, chegam em casa e vão para o computador, relatou. No entanto, ressaltou o ministro, o Brasil ocupa a posição de país mais sedentário do mundo, segundo um estudo que ainda deve sair. ;Somos mais sedentários do que países com meses de neve, que tiveram de desenvolver esportes de inverno;, destacou.
O país caminha para o aumento de peso e aumento da hipertensão, alertou o ministro. ;Isso trava, no âmbito da indústria, estratégias para combater essa equação binária de padrão hipercalórico.;
Por conta destes indicadores, o ministério está desenvolvendo políticas de saúde, sobretudo, voltada para as crianças, população na qual a educação é capaz de reverter hábitos alimentares.