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Imagens sugerem inocência de condenado, mas Justiça o mantém preso, em SP

Gabriel Oliveira foi preso em 2018 acusado de roubar o carro de uma aposentada e condenado pelo crime. A família conseguiu imagens de câmeras de segurança que poderiam inocentá-lo

postado em 16/08/2019 19:50
Imagens de segurança sugerem que Gabriel estava em outro local no momento do crimeEm 26 de dezembro de 2018, por volta das 14h50, uma aposentada de 65 anos teve o carro roubado na Zona Leste de São Paulo. Em menos de duas horas, a Polícia Militar de São Paulo apresentou dois suspeitos pelo assalto: Gabriel Rubio de Oliveira, 19 anos, e Jhonatan Vinícius da Silva Nobre, 20. Posteriormente, mais especificamente em fevereiro deste ano, ambos foram condenados a mais de cinco anos de prisão.

Entretanto, imagens de câmeras de segurança obtidas pela família e veiculadas pelo portal UOL sugerem que Gabriel estava a mais de 2,5km de distância do local do crime na hora do assalto. Com base nelas, a defesa do rapaz entrou com um recurso, que acabou indefirido na quinta-feira (15/8). A decisão pela manutenção da prisão foi dos desembargadores Hermann Herschander, Walter da Silva e Marco Antonio de Lorenzi, da 14; Câmara de Direito Criminal.

As imagens veiculadas pelo site mostram que Gabriel estava dentro de um salão de beleza duas horas antes do crime e, depois, em um suermercado, usando a mesma roupa e acompanhado da namorada, na hora do assalto. O jovem, contudo, foi apontado pela vítima como um dos assaltantes. Já os familiares de Jhonatan, também reconhecido, apontam que ele estava soltando pipa no momento da ação criminosa.

Opiniões divergentes

O procurador Maurício Antonio Ribeiro Lopes disse ao UOL que as imagens não mostram provas suficientes para a liberdade dos jovens, e aponta ainda que o testemunho da vítima também é uma prova. "As imagens juntadas pela defesa não mostram absolutamente nada. Indício é um meio de prova. E temos a vítima que os reconhece em flagrante e em juízo. Não tenho razões para supor que a vítima fez isso com má-fé. Ou as fotos não são do mesmo dia ou da mesma hora em que foram presos;.

O padrasto de Gabriel, responsável por reunir as imagens que mostram o jovem no salão e no supermercado, diz que o enteado é inocente. "Eu estava deitado na cama quando ele chegou do supermercado. Dez minutos depois de ir para a casa da sogra, me veio a namorada correndo chorando (por causa da prisão dele)", disse ao site. A mãe de Gabriel também defendeu a inocência do jovem: "Ele é trabalhador, não tem vício nenhum, sempre trabalhou, nunca fez nada de errado. Está sendo culpado por uma coisa que não fez;.

Os próximos passos da defesa é propor uma revisão criminal no tribunal. Algo que ainda não tem data para ocorrer.

O Correio, por telefone e e-mail, tentou contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo para obter mais detalhes sobre as circunstâncias da prisão. Mas, segundo o órgão, como o caso já foi julgado, as informações estavam restritas ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

O jornal também entrou em contato o tribunal para obter mais informações sobre a condenação. Nesta segunda-feira (19/8), o órgão respondeu ao Correio com uma cópia da decisão assinada pelo desembargador Hermann Herschander.
O documento aponta que várias testemunhas, além da vítima, foram ouvidas na decisão, inclusive policiais. O texto ta decisão também apresenta dúvidas perante a credibilidade das imagens: "Tampouco favorecem os acusados as fotografias juntadas aos autos,conforme bem anotou a ilustre Procuradora de Justiça oficiante. Conforme destacado, não foram elas submetidas a perícia oficial. Não há qualquer razão para crer na fidedignidade da data e dos horários que constam das imagens, pois estas facilmente podem ter sido sobrepostas. Aliás, a rasura no horário consignado na fotografia de fls. 301 é grosseira. Mais ainda: a mera visualização ligeiramente atenta dasfotografias, que teriam sido realizadas em momentos muito próximosdurante o suposto trajeto do supermercado à casa da namorada de Gabriel revela que a roupa e o cabelo da mulher que o acompanha, assim como a sacola que ela carrega, mudam de uma para outra imagem".

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