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Ataque a escola leva pânico a alunos no RS

Ex-aluno feriu quatro estudantes com golpes de machadinha. Segundo depoimento prestado à polícia, adolescente de 17 anos disse que se inspirou no massacre de Suzano, em São Paulo, e que queria matar desafeto

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/08/2019 04:05
Aulas foram suspensas no Instituto Estadual Educacional Assis Chateaubriand, na cidade de Charqueadas

Um adolescente de 17 anos feriu quatro estudantes com golpes de machadinha em um ataque a uma sala de aula do Instituto Estadual Educacional Assis Chateaubriand, no município de Charqueadas (RS), cidade próxima a Porto Alegre. O agressor era ex-aluno da instituição e foi apreendido em casa, segundo informações da Polícia Civil da cidade. De acordo com a polícia, o jovem foi ouvido pelos investigadores e confessou o crime. Promotores de Justiça do Ministério Público Estadual também acompanham a investigação.

O ex-aluno atacou quatro estudantes com idades entre 12 e 13 anos. Nenhum deles ficou ferido com gravidade. Dois sofreram cortes e dois, apenas escoriações pelo corpo. A ação só não foi mais grave, porque um professor conseguiu tomar a machadinha das mãos do agressor, que fugiu em seguida. O jovem estava com um líquido inflamável, que tirou da mochila, e tentou atear fogo em uma sala de aula do 7; ano do ensino fundamental.

Duas alunas desmaiaram durante a ação e foram atendidas no Hospital Municipal de Charqueadas, informou a Agência Brasil. Por meio de nota, o hospital informou que quatro meninas e dois meninos receberam atendimento na casa de saúde e esclareceu que ;todos os estudantes apresentaram ferimentos superficiais e nenhum necessitou de realização de cirurgia;.

De acordo com a Polícia, ao invadir a escola, o agressor tinha a intenção de matar um ex-colega com quem tinha desavenças. Segundo o delegado Marco Aurélio Schalmes, o jovem estudou na instituição de ensino até 2015, disse que sofria bullying dos colegas e que se inspirou no massacre de Suzano, em que 10 pessoas morreram.

A intenção de eliminar o desafeto foi confirmada pela irmã do agressor, de acordo com informações da promotora de Justiça da Infância e da Juventude de Charqueada, Daniela Fistarol. Segundo a procuradora, o jovem agiu sozinho. Ele entrou na escola acompanhado da irmã e esperou pelo rival. Como não o localizou, dirigiu-se à sala na qual supunha poder encontrá-lo.

Coquetel molotov


Com um pano escondendo o rosto, o invasor se agachou perto da porta e tirou da mochila um coquetel molotov, que acendeu em jogou dentro da sala. Assustados, os alunos tentaram fugir quebrando a janela. O artefato não explodiu e o adolescente entrou com a machadinha na mão distribuindo golpes.

Após atingir superficialmente alguns estudantes, o agressor foi desarmado pelo professor de educação física Juliano Mantovani. ;Ele parecia assustado. Tanto que eu tirei a machadinha e ele não reagiu;, relatou o professor. Após ser desarmado, o adolescente fugiu, foi para casa e trocou de roupa. O pai, porém, acionou a Brigada Militar e o jovem acabou preso.

O Instituto Estadual Educacional Assis Chateaubriand atende cerca de 700 alunos dos ensinos fundamental, médio e técnico e funciona em três turnos (manhã, tarde e noite). A instituição informou que não haverá aula nesta quinta-feira.

O governo do Rio Grande do Sul divulgou nota sobre o ataque. ;Embora as vítimas não tenham sido feridas com gravidade, o governo reforça a extrema preocupação com o ocorrido e não medirá esforços para esclarecer os fatos e responsabilizar os culpados, e acompanha com máxima atenção o fato criminoso ocorrido no início da tarde desta quarta-feira no Instituto Estadual Educacional Assis Chateaubriand, no município de Charqueadas;, diz o comunicado.

O governador Eduardo Leite (PSDB), que estava no Uruguai, foi imediatamente avisado. O vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, o secretário da Educação, Faisal Karam, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda, e o subchefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes, se deslocaram à cidade para acompanhar a apuração dos fatos.


  • Tragédia

    Em março passado, dois ex-alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil, no município de Suzano (SP), de 17 e 25 anos, invadiram a instituição e dispararam contra alunos, professores e funcionários. A ação resultou na morte de 10 pessoas ; cinco alunos, dois funcionários, um comerciante assassinado momentos antes do ataque, e os dois atiradores. Segundo as investigações, um dos agressores matou o outro e, em seguida, se suicidou. O caso teve repercussão em todo o mundo. De acordo com as investigações, os dois criminosos fizeram pesquisas da internet sobre episódios semelhantes ocorridos nos Estados Unidos e para ter acesso às armas usadas no crime. As reais motivações não foram até hoje esclarecidas.

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