postado em 29/08/2019 04:04
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo confirmou ontem a primeira morte por sarampo no estado desde 1997. A vítima, um homem de 42 anos sem registros de vacinação, morreu em 18 de agosto, mas foram necessários exames laboratoriais para confirmar a causa. De acordo com a secretaria, ele foi admitido com suspeitas de sarampo, e os sintomas se agravaram por doenças preexistentes. Ações de bloqueio teriam sido tomadas na área em que a vítima vivia, mas não foram divulgados o local de moradia nem o hospital onde ele foi atendido.
Uma campanha de vacinação iniciada em junho, voltada para a população entre 15 e 29 anos, está sendo realizada pela Prefeitura até sábado. Crianças entre 6 meses e 1 ano também estão sendo vacinadas com a chamada ;dose zero;, que não substitui as outras duas previstas no calendário nacional de vacinação. Apesar de a vítima estar fora do público-alvo da campanha de vacinação, a Secretaria de Saúde diz que qualquer pessoa pode buscar a vacinação contra o sarampo.
Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, no período de 2 de junho a 24 de agosto, 2.331 casos foram confirmados laboratorialmente em 13 unidades da Federação. Desses, 99%, ou 2.299, estão concentrados em municípios do estado de São Paulo, maior parte na região metropolitana. Os outros 1% estão espalhados em 12 estados, sendo 12 casos no Rio de Janeiro; cinco em Pernambuco; quatro em Santa Catarina; três no Distrito Federal. Nos estados de Goiás, Paraná, Maranhão, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Piauí, foi registrado um caso em cada.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, considera que a situação é uma emergência local. ;O surto atual de São Paulo não tem relação com surto do Amazonas, Pará e Roraima (no ano anterior), eles conseguiram interromper a cadeia de transmissão. Nós estamos falando de uma nova cadeia de transmissão, proveniente da Noruega e de Israel, que está concentrada no município de São paulo e região metropolitana. Só é emergência global se eu perder a capacidade de identificar a cadeia de contato, caso não consiga relacioná-la com viagens a São Paulo;, ressaltou.
O secretário ainda defende que não é hora de uma campanha nacional de vacinação. ;Nós estamos fazendo a intensificação das ações de cobertura vacinal na rotina, realizando uma vacinação adicional em crianças menores de 1 ano para todo o Brasil. São Paulo é um dos lugares mais afetados, e nós concluímos agora a ação nessas regiões;, diz Oliveira.
Mesmo sem a campanha, o Ministério da Saúde passou a enviar, nesta semana, 1,6 milhão de doses extras da vacina tríplice viral a todos os estados. Desse total, 56% foi enviada para o estado de São Paulo, que tem o maior número de registros da doença. Além da medida emergencial, foi anunciada a nova aquisição de 28,7 milhões de doses adicionais para garantir o abastecimento até 2020. Além do sarampo, a tríplice viral previne também contra rubéola e caxumba.
O infectologista do Hospital Brasília, Dr André Bon, ressalta a importância da imunização. ;O sarampo é uma doença transmissível cuja única forma de prevenção é a imunização e não tem um tratamento específico. Para evitar que o vírus circule pela população, seria necessário que pelo menos 95% da população esteja vacinada e hoje a nossa cobertura vacinal no Brasil está bastante baixa. É fundamental manter o cartão de vacina em dia;, recomenda.
* Estagiárias sob supervisão de Rozane Oliveira