Brasil

Funcionários da prefeitura fazem vistoria em livros da Bienal do Rio

De acordo com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) a vistoria está em busca de "material pornográfico"

Deborah Fortuna
postado em 06/09/2019 14:47

foto do prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella Após ter determinado que livro Vingadores A cruzada das crianças fosse recolhido da Bienal por supostamente conter imagens "impróprias" para crianças, a prefeitura do Rio de Janeiro determinou que funcionários da Secretaria Municipal da Ordem Pública (Seop) fossem à Bienal fazer vistorias em materiais do evento. A informação é do jornal O Globo.

De acordo com a Seop, a vistoria está em busca de "material pornográfico". "Se o material não tiver seguindo recomendações, ele será recolhido. Estamos seguindo a orientação da procuradoria da prefeitura. Eu não entendo que haja censura", disse o subsecretário operacional da Seop, Wolney Dias, à imprensa presente.

Na ultima quinta-feira (5/9), a prefeitura do Rio notificou, por intermédio da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), a organização da Bienal do Livro a "adequar as obras expostas na feira" aos artigos 74 e 80 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A justificativa é de que a legislação determina que publicações com cenas impróprias a menores de idade sejam comercializados com lacre, com a devida advertência de classificação indicativa.

A confusão começou por causa de uma HQ da Marvel, Vingadores A Cruzada das crianças, que mostra, em uma página dentro do livro, um desenho de um casal de homens se beijando. Crivella determinou que o livro fosse recolhido do evento, mas a HQ se esgotou nesta sexta-feira (6/9).

O Correio já entrou em contato com a Seop, mas até a publicação desta matéria, não teve retorno.

Repercussão

A vistoria foi repudiada por editoras participantes do evento. Pelo Instagram, a editora Galera Record informou que a Secretaria de Educação passou no estande da editora na Bienal e exigiu que todos os livros com conteúdos LGBTQS fossem lacrados e sinalizados como livros com conteúdo impróprio. "A Galera Record repudia qualquer tipo de censura e reitera a importância da representatividade na literatura jovem como forma de combate ao preconceito", disse em nota a editora.

A Kinoruss Edições e Cultura também disse repudiar "todo e qualquer ato de censura praticado pelas autoridades do Rio de Janeiro na Bienal do Rio 2019 a obras com temática LGBT".

Pelo Twitter, a Livraria Leonardo da Vinci também informou que sobre a ação da Seop. Em protesto, a Livraria expôs no estante o livro 120 dias em Sodoma.

A Editora Draco também repudiou "a censura imposta pelas autoridades". "Nós sempre publicamos obras e autores diversos e nunca vamos deixar de fazê-lo", garantiu. Em protesto, eles informaram um desconto em livros com a temática LGBTQ.

[VIDEO1]

[VIDEO2]

[VIDEO3]

[VIDEO4]

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação