postado em 15/09/2019 04:05
Peritos da Polícia Civil vão se dedicar nesta semana à análise de várias peças recolhidas ontem no subsolo do Hospital Badim, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde um incêndio matou 11 pessoas na última quinta-feira. Entre o material recolhido, estão peças do gerador de energia, onde o fogo começou, segundo os investigadores, provavelmente, após um curto-circuito. O Corpo de Bombeiros também retornou ao local para participar dos trabalhos.
Segundo a assessoria do Badim, 77 pacientes foram transferidos, após o início do incêndio, para outros 12 hospitais do Rio de Janeiro. Até ontem, 18 receberam alta e há 59 pacientes internados. A administração do hospital assumiu o compromisso de custear as despesas dos funerais das vítimas. Pelo menos seis foram sepultadas ontem.
A coleta do material no subsolo do hospital tijucano durou cerca de duas horas. Equipamentos caros, como tomógrafo, foram completamente destruídos. Os peritos deverão retornar ao local nos próximos dias, acompanhados por técnicos da empresa que fazia a manutenção do gerador. O objetivo é fazer a análise em uma peça específica do equipamento, que não chegou a ser retirada.
De acordo com informações divulgadas pelo delegado encarregado do inquérito, Roberto Ramos, a ideia é fazer, a partir dessa peça, ;um estudo mais aprofundado para saber da manutenção e para descobrir o problema que gerou esse incêndio;. O policial também reafirmou que,;preliminarmente;, há suspeitas de que o incêndio tenha começado no gerador que ficava no subsolo.
O inquérito apura também se o hospital possui saídas de emergência nos padrões exigidos pela legislação, plano de fuga e, entre outros pontos, se o protocolo de emergência foi executado devidamente no momento da tragédia.
As 11 vítimas fatais do incêndio começaram a ser sepultadas na sexta-feira. A primeira foi Berta Gonçalves Barreira de Souza, de 93 anos, que foi enterrada no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul. Ontem, estavam previstas outras seis vítimas. Uma delas foi Luzia dos Santos Melo, de 88 anos, no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária da cidade. Ela estava na companhia do filho Emanuel quando o incêndio começou. Bastante abalado, ele disse que está inconformado com o fato de ter sido impedido pelos bombeiros de retirar a mãe do edifício em chamas.
Em nota, o Corpo de Bombeiros afirmou que o objetivo da corporação ;é salvar o maior número de pessoas possível;. ;Todos os feridos, à medida que eram localizados, eram retirados do local pela equipe de salvamento e conduzidos para outras unidades hospitalares pelas equipes de saúde. O Corpo de Bombeiros se solidariza com a dor de familiares e amigos. É um momento de profunda tristeza para todos;, informou.
Asfixia
O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro informou, na sexta-feira, que a maioria dos 11 falecidos eram idosos. Os pacientes tinham entre 66 e 96 anos e morreram asfixiados pela fumaça. Muitos estavam na unidade de terapia intensiva no momento do incêndio. A morte também foi decorrente de outras causas correlacionadas ao incidente, como descompensações das doenças que as pessoas tinham, relacionadas aos aparelhos que as mantinham vivas e deixaram de funcionar , segundo o órgão.
O Hospital Badim é um estabelecimento de saúde particular integrante da Rede D;Or São Luiz. O edifício incendiado foi erguido há 19 anos. Outro prédio, anexo a ele, foi inaugurado em 2018. Ao todo, o complexo tem 15,7 mil m; de área construída, 128 leitos de internação, 32 leitos de tratamento intensivo e cinco salas de centro cirúrgico, de acordo com a página da instituição na internet.
Por motivos de segurança, o hospital continuava interditado ontem pela Defesa Civil, da mesma forma que outros imóveis ao redor. O cenário ainda remetia à trágica noite de quinta-feira, com colchões, lençóis e lixo espalhados na frente do hospital.
Fogo em prédio de Ipanema
Um apartamento no 3; andar de um prédio residencial da rua Prudente de Moraes, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, pegou fogo ontem por volta das 11h30. Equipes de quatro quartéis do Corpo de Bombeiros foram acionadas e conseguiram controlar as chamas. Três pessoas foram atendidas pelos socorristas até as 14h30. O Corpo de Bombeiros, que até ontem não havia identificado as causas do incêndio, informou que o fogo começou no apartamento 301 e destruiu pelo menos mais um outro no mesmo edifício. Todos os moradores conseguiram sair. Os prédios vizinhos também foram desocupados por precaução. O trânsito na região foi alterado para facilitar o trabalho dos bombeiros. Os veículos estavam sendo impedidos de passar pela rua Prudente de Moraes, na altura da Avenida Henrique Dumont.