Brasil

DF é líder em ranking de acidentes

Levantamento feito pela CNT nas rodovias federais mostra que o número de ocorrências na capital é, proporcionalmente, quatro vezes maior que a média nacional. Segundo especialistas, Brasília está no topo da lista porque tem áreas urbanas cortadas por estradas

postado em 20/09/2019 04:13

É comum ver notícias de acidentes de trânsito estamparem as capas de jornais de diversos estados do Brasil. No entanto, entre as 27 unidades da Federação, o Distrito Federal lidera o número de acidentes a cada 100km. O DF registra quatro vezes mais acidentes do que a média nacional. No ano passado, foram 333 ocorrências a cada 100km, número quatro vezes maior que a média nacional, que é de 82 acidentes. As informações são de um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre acidentes registrados em rodovias federais em 2018. A pesquisa, divulgada ontem, mostra que o Brasil registra 190 casos e 14 mortes por dia.

O DF fica na frente de grandes estados como São Paulo, que está em segundo lugar com 308 acidentes por 100km, e Santa Catarina, terceiro colocado do ranking com 288. De acordo com especialistas, o DF se destaca pelo fato de as principais rodovias federais cortarem áreas urbanas. Ao todo, oito rodovias federais passam pelo DF. Entre elas, a BR-020 é a que mais tem acidentes. Em 2018, foram contabilizadas 232 ocorrências com vítimas. A 020 é também a rodovia que mais mata no DF. Foram 15 vidas perdidas no ano passado, cerca de um terço do número total de mortes.

Malha
O coordenador do programa S.O.S. Estradas, Rodolfo Rizzotto, acredita que o DF lidera o ranking porque possui uma malha rodoviária dentro de áreas urbanas. ;As pessoas acabam andando em velocidade de rodovia, que é alta, dentro das cidades;, explica. O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, concorda e indica, ainda, outro ponto para justificar o elevado número de acidentes no DF. Além de possuir rodovias federais com uso urbano, como Eixão, Epia e EPTG, as boas condições das mesmas induzem o excesso de confiança nos condutores.

;É paradoxo, mas isso acontece. O fato de essas rodovias apresentarem boas condições, serem duplicadas e iluminadas, pode fazer com que o condutor se sinta mais seguro e cometa abusos, como andar em alta velocidade, fator principal para a maior ocorrência de acidentes e número de mortes;, avalia Batista. Rizzotto acredita que a tecnologia é essencial para a queda desses números. ;Os radares são muito importantes nesses casos.;

Radares
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro, por meio de despacho publicado no Diário Oficial da União, suspendeu o uso de radares estáticos, móveis e portáteis nas estradas federais até que o Ministério da Infraestrutura conclua a ;reavaliação da regulamentação dos procedimentos de fiscalização eletrônica de velocidade em vias públicas;. O diretor executivo da CNT afirma que ainda não é possível aferir se esta interrupção vai aumentar o número de acidentes, mas ressalta que os radares contribuem para reduzir as ocorrências. ;O que conseguimos aferir com pesquisas e estudos é que em locais em que existem controladores de velocidade, seja com radares ou maior fiscalização, o número de acidentes diminui;, disse Batista.

Rizzotto acrescenta que é preciso usar sempre equipamentos de segurança. A aposentada, Sueli Ferreira, 49 anos, passou por um susto, recentemente, em Ceilândia, quando estava de carona com um amigo. Em uma rotatória, um caminhão acertou a traseira do carro. ;Por muito pouco, o carro não capotou, porém ficou muito amassado. Eu estava sem o cinto e machuquei muito o braço e o pescoço. Acabei batendo a cabeça e além da tontura, senti muito gosto de sangue na boca;, relembra a aposentada.

;Eu achei que morreria. Se estivesse usando o cinto de segurança talvez não teria batido com a cabeça. Se a porta tivesse aberto, eu teria voado para fora do carro.; Ela aconselha sempre muito cuidado ao dirigir, tanto pela própria vida quanto para os outros.

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