Brasil

''Não é uma escolha nossa'', diz empresária com deficiência

Na véspera da comemoração do ''Dia nacional da luta da pessoa com deficiência'', pessoas destacam a importância da representatividade em cargos estratégicos

Cristiane Noberto*
postado em 20/09/2019 16:32
Carolina Ignarra, sócia fundadora da Talento IncluirNeste sábado (21/9) será comemorado Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em maio deste ano, aponta que existem aproximadamente 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil. Entre as demandas dessas pessoas estão a inclusão social, a acessibilidade e principalmente questões que envolvem a saúde.
Em 20 anos de trajetória pública, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) destacou que o fato de ser tetraplégica e estar em uma posição de destaque transformou a vida das pessoas com ou sem deficiência porque foi possível demonstrar a representatividade no meio político. Ela disse que a lição valeu para ela também, pois aprendeu de uma maneira diferente como aprender e ensinar com o outro a formular políticas públicas.

;Hoje vejo que o mundo caminha, mesmo ainda iniciando, em direção oposta ao status quo de uma política excludente. As diferenças só enriquecem o ser humano e eu tenho muito orgulho de ser representante de 45,6 milhões de pessoas com deficiência. Temos todos a aprender com esses brasileiros. Eu sigo aprendendo todos os dias;, apontou.

Gabrilli destaca que a data serve para lembrar dos brasileiros que ;nadam contra a maré, que matam um leão por dia e que encaram com muita garra as barreiras das cidades, que ainda não estão preparadas para atender de fato a todos;.

Para Carolina Ignarra, sócia fundadora da Talento Incluir, as datas comemorativas servem para chamar a atenção da sociedade para enxergar as dificuldades dos portadores de deficiência. Paraplégica, ela dedica seu tempo em adaptar estruturalmente empresas para receber pessoas com deficiência e capacitar os trabalhadores para cada função. ;Não é uma escolha nossa ser uma pessoa com deficiência, por isso, nós trabalhamos com perfis de pessoas e não com a condição da pessoa;, disse.

Quando ficou paraplégica, Ignarra disse que não tinha ideia do que fazer, pois não via pessoas como ela para se espelhar. Muito menos quando se tornou mãe. ;As pessoas precisam ver as pessoas com deficiência para se conectar. A representatividade é muito importante para mudar a consciência das pessoas e acabar com estereótipos;, apontou.

Ignarra aponta que as políticas públicas devem ser voltadas para o bem estar, focado na saúde pública que tenha a capacidade de atender essas pessoas e suas necessidades específicas. ;Eu por exemplo, preciso de sonda, cadeira de rodas, fisioterapia e tudo custa muito caro e são coisas necessárias para eu viver, não posso simplesmente escolher não gastar. Precisamos dessa estrutura para que nossa limitação não impeça a nossa oportunidade de viver;, concluiu.

* Estagiária sob supervisão de Leonardo Cavalcanti

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