Brasil

Greve pelo Clima

Estudantes fazem manifestações em mais de 40 cidades brasileiras para reivindicar maior comprometimento do governo com a preservação na natureza. Atos fazem parte de movimento global para aumentar a consciência da população sobre as mudanças climáticas

postado em 21/09/2019 04:14
Em Brasília, marcha contou com grupos indígenas e veganos


Às vésperas da Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece na próxima segunda-feira, em Nova York, estudantes de mais de 40 cidades brasileiras foram às ruas na tarde de ontem para a Greve Geral pelo Clima. O movimento é parte de uma movimentação global para exigir dos governos mais ações para a preservação do meio ambiente e evitar o aquecimento global. Em Brasília, os manifestantes se concentraram na Rodoviária do Plano Piloto e seguiram em marcha até o Ministério do Meio Ambiente.

Atos com o mesmo objetivo ocorreram em outras cidades do país. Em São Paulo, os manifestantes se reuniram em frente ao Museu de Arte Moderna e marcharam pela Avenida Paulista com cartazes e gritos pelo meio ambiente. Em Belém, estudantes reunidos próximo à Estação das Docas mostraram para as pessoas como o desmatamento afeta os animais da Amazônia.

Na capital, com a maioria dos cartazes feitos com materiais recicláveis, a marcha de protagonismo dos jovens também contou com a presença de outros grupos de ativismo, como índios e comunidade vegana.

Apelidadas de Fridays for Future (sextas-feiras pelo futuro), as manifestações tiveram início no ano passado quando a estudante sueca Greta Thunberg, de 16 anos, passou a faltar às aulas nas sextas-feiras para protestar em favor de mais ações relacionadas às mudanças do clima.

A líder do movimento Jovens pelo Clima DF, Nina Abers, 17 anos, é moradora da Asa Norte e estudante de uma escola particular da Asa Sul. Ela contou que a iniciativa partiu dela, e que resolveu mobilizar amigos pelas redes sociais para se unirem ao movimento encabeçado por Greta, na Suécia.

Nina disse que o primeiro ato, realizado ainda no começo do ano, foi tímido e contou com aproximadamente 25 pessoas. Hoje o movimento brasiliense conta com mais de 4 mil seguidores nas redes sociais. A jovem disse que tem o apoio da família, o que não ocorre com muitas outras pessoas. ;Essa é a quarta manifestação, e já estamos grandes. Não temos apoio da escola e a maioria dos pais é contra faltar a um dia de aula para fazermos esse trabalho. Somos um movimento independente porque isso é muito importante para o nosso futuro. Desde que começou, já fomos convidados, inclusive, para reuniões com parlamentares;.

Parceira no ativismo de Nina, Helena Marques, 17 anos, que estuda na mesma escola, disse que apoiou a iniciativa da amiga e que deseja se graduar em ecologia. Ela contou que, além dos contatos nas redes sociais, mobilizou colegas e amigos próximos. ;Hoje, estamos aqui porque trabalhamos muito para incentivar as pessoas;, disse.

Grupos

Outro grupo que marcou presença na manifestação foi o dos veganos. A líder do Grupo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidades (Gedai), da UnB, Vanessa Negrini, destacou a importância da discussão para defender os animais. ;É uma questão de direitos humanos. Para consumir carne é preciso desmatar uma área muito grande, que poderia ser usada para plantio, oferecendo alimentação vegana a muitas pessoas, sem destruir e com muito mais retorno. Além disso, a pecuária consome a maior parte de água do planeta. Podemos viver sem carne, mas e sem água?;, questionou.

Grupos indígenas também marcaram presença. A índia Airy do povo Gavião, de Marabá (PA), apontou a necessidade da união de todos os movimentos para proteger os biomas, faunas e floras brasileiras. ;Dependemos da mãe Terra e devemos ser resistência todos juntos;, disse.


*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

Forças Armadas ficam na Amazônia

O presidente Jair Bolsonaro ampliou por mais um mês o prazo de permanência das Forças Armadas que atuam contra as queimadas na Amazônia. O decreto foi publicado ontem, em edição extra do Diário Oficial da União. O decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) foi assinado por Bolsonaro em 23 de agosto, com validade até 24 de setembro para os estados da Amazônia Legal. ;Fica autorizado o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem e para ações subsidiárias, no período de 24 de agosto a 24 de outubro de 2019, nas áreas de fronteira, nas terras indígenas, nas unidades federais de conservação ambiental e em outras áreas dos Estados da Amazônia Legal que requererem;, diz um trecho do texto.

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