Brasil

Policiais suspeitos de matar menina de 8 anos

Ágatha, de 8 anos, foi baleada nas costas dentro de uma van. Moradores acusam a polícia de efetuar o disparo. Caso gerou forte reação nas redes sociais e mobilizou ato no Complexo do Alemão

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/09/2019 04:04
Morte de Ágatha gerou revolta e moradores realizaram protesto


A vida de Ágatha Vitória Félix, de apenas 8 anos, foi ceifada por disparos efetuados contra uma van que transportava ela e o avô no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na noite de sexta-feira (20). A morte da garota gerou revolta na família e nos moradores da região, que realizaram protestos. Testemunhas afirmam que a criança foi morta por um tiro que partiu de uma viatura da Polícia Militar. Em nota, a corporação diz que os policiais foram atacados e lamentou a morte.

Após ser atingida, Ágatha chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Alemão. Mas, como o estado de saúde era grave e a menina perdia muito sangue, foi transportada para o hospital Getúlio Vargas e chegou a passar por uma cirurgia de cinco horas. No entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu. No momento dos disparos, Ágatha estava com o avô, Airton Félix, na parte de trás do veículo. Ao saber da morte da neta, ainda no hospital, ele não conteve o choro e se revoltou contra a operação policial. ;Mais um na estatística. Vai chegar amanhã e dizer que morreu uma criança no confronto. Que confronto? Confronto com quem? Porque não tinha ninguém, não tinha ninguém. Ele atirou por atirar na kombi. Atirou na kombi e matou minha neta. Isso é confronto? A minha neta estava armada por acaso para poder levar um tiro?;, disse.

A PM alega, que os agentes de segurança foram ;atacados de vários pontos da comunidade de forma simultânea e que "a equipe revidou à agressão" e que "logo após eles foram informados que um morador foi ferido na localidade". Em nota, a corporação lamentou o falecimento da menina e ressaltou que a corregedoria das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) vai apurar as circunstâncias do ocorrido. ;A difícil realidade vivida pela população das comunidades e enfrentada por nossos policiais, diariamente, nos faz profundamente solidários à dor e ao sofrimento sentidos pela morte da pequena Ágatha. Ela foi ferida ontem quando criminosos atacaram covardemente policiais da UPP;, ressaltou a corporação.

Ontem, pela manhã, moradores fizeram um protesto pacífico contra a morte da menina. O grupo caminhou com faixas, cartazes e roupas brancas pelas ruas da comunidade. Eles pediram que o governo tome providências para evitar que a população fique exposta em meio à troca de tiros entre polícia e traficantes e que casos de mortes de inocentes provocadas pelas forças de segurança sejam punidas. Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro apontam que entre janeiro e agosto deste ano, 1.249 pessoas morreram durante ações policiais. Pelo menos cinco das vítimas eram crianças, de acordo com dados do aplicativo Fogo Cruzado. O caso gerou forte reação nas redes sociais. A atriz Leandra Leal escreveu, no Twitter, que a menina foi vítima de ;uma política assassina; e que não é possível não se revoltar. O governador do Rio, Wilson Witzel, vem defendendo, desde que assumiu, uma política de forte embate contra o crime organizado. O chefe do Executivo carioca lamentou a morte de Ágatha. O Movimento de Favelas, do Rio, afirmou que está preparando uma denúncia a ser enviada à Organização das Nações Unidas sobre a situação.

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