Brasil

Mourão diz que morte de Ágatha é resultado da ''guerra do narcotráfico''

Os policiais militares da UPP Fazendinha que participaram da ação serão ouvidos hoje pela Polícia Civil do Rio

Ingrid Soares
postado em 23/09/2019 12:55
Vice-presidente Hamilton MourãoO presidente em exercício Hamilton Mourão afirmou, na manhã desta segunda-feira (23/9), em coletiva no Palácio do Planalto, que a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, durante uma operação policial no Complexo do Alemão se deve à ;guerra do narcotráfico;.

"É aquela história: é a palavra de um contra o outro. E vocês sabem muito bem que nessas regiões de favela, se o cara disser que foi traficante que atirou, no dia seguinte ele está morto;, apontou Mourão. ;Infelizmente, a gente tem que reconhecer que em determinados lugares do Brasil se vive uma guerra. E aí acontecem tragédias dessa natureza;, prosseguiu.

Na opinião do chefe do Executivo interino, as ;narcoquadrilhas; no Brasil possuem semelhança com núcleos de guerrilha da Colômbia. ;Tem força de apoio, aquela que varre a rua depois do confronto, aquela que diz que quem atirou foi a polícia, independente da investigação que tenha sido feita. É aquela que dá sustentação logística, é o fogueteiro que avisa que a polícia chegou;, expôs o vice-presidente.

Na última sexta-feira (20/9), Ágatha estava dentro de uma Kombi no Complexo do Alemão, com a família, quando foi atingida por um disparo de fuzil nas costas. A PM diz que policiais trocaram tiros com bandidos. Já moradores contestam a versão. Segundo eles, os PMs atiraram em homens em uma moto e acabaram acertando a criança. Ágatha foi a quinta criança morta por bala perdida este ano.

Depoimentos

A Polícia Civil do Rio ouvirá, nesta segunda-feira (23/9) os policiais militares da UPP Fazendinha que participaram da ação que terminou na morte da menina. A DH também realizará uma reprodução simulada do assassinato durante a semana, para tentar esclarecer de onde partiu o tiro. Ágatha chegou a ser levada para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada do último sábado.

Àgatha foi sepultada, nesse domingo (22/9), no Cemitério de Inhaúma,na Zona Norte, sob um misto de indignação e tristeza. Na tarde desta segunda, três dias depois da morte da menina, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), deverá falar pela primeira vez sobre o crime. Ele convocou uma entrevista coletiva da qual também participarão os secretários de Polícia Civil, Polícia Militar e de Vitimização.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) ainda não comentou sobre o caso e viajou nesta segunda para Nova York, onde participará da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

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