Brasil

Outra menina é baleada

Novo episódio aconteceu em morro no Centro do Rio, quatro dias depois que um disparo matou a pequena Ágatha e chocou o país

postado em 25/09/2019 04:09
Quatro dias após a morte de Ágatha, novo episódio de bala perdida. Dessa vez, vítima foi uma menina de 11 anos

Bastaram apenas quatro dias para que outra menina fosse baleada no Rio de Janeiro. Vitória Ferreira da Costa, de 11 anos, estava com a mãe quando foi atingida por um tiro na perna, ontem à tarde, no Morro da Mineira ; Catumbi, região central da cidade. A sociedade carioca nem sequer se recuperou da morte de Ágatha Félix, de apenas 8 anos ; que recebeu um tiro nas costas na noite da sexta-feira passada ;, e acontece novo episódio de bala perdida.

Conforme informou a Secretaria Municipal de Saúde, Vitória deu entrada às 16h no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e seu estado de saúde é estável. A assessoria de imprensa da Polícia Militar do Rio de Janeiro diz que não havia equipes da corporação na comunidade no momento em que teria acontecido o disparo. Ainda segundo a PM, uma mulher, que também seria moradora da Mineira e não foi identificada, deu entrada no Souza Aguiar.

Decreto de Witzel

O novo caso em que uma adolescente é baleada acontece exatamente horas depois de o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, assinar decreto que acaba com incentivo à redução de mortes provocadas por policiais. O texto foi publicado no Diário Oficial do Rio.

O decreto de Witzel altera o Sistema Integrado de Metas, criado em 2009, que prevê pagamento de bônus a policiais caso consigam reduzir uma série de indicadores de criminalidade do estado. Entre as categorias para calcular as gratificações está a letalidade violenta.
Na versão original, esse grupo era composto por indicadores de homicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e auto de resistência (hoje, chamado de mortes decorrentes de intervenção de agentes do Estado). Com a alteração de agora, no entanto, o programa passa a desconsiderar as mortes em confrontos com a polícia.

Recorde de mortes

Sob a gestão de Witzel, a polícia do Rio tem batido recorde de letalidade. Em julho, 194 pessoas foram mortas em ações do estado, o maior número desde o início da série histórica, em 1998.

Em 2019, até agosto, 1.249 pessoas foram mortas pela polícia nessa situação. No mesmo período de 2018, esse número foi de 723 ; houve aumento de 72,7%, portanto.

Na segunda-feira, o governador concedeu entrevista coletiva na qual lamentou a morte de Ágatha, mas culpou usuários de drogas e defendeu as operações realizadas por sua gestão. "É indecente usar caixão como palanque", declarou o governador.

Desembargador na mira da PF

O desembargador Siro Darlan, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, foi alvo de uma série de mandados de busca e apreensão, cumpridos ontem pela Polícia Federal. Ele é acusado de integrar uma rede de venda de sentenças. Além da casa do magistrado, os investigadores foram até seu gabinete. A ação foi autorizada pelo ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Darlan já é alvo de investigação no STJ e de dois procedimentos no Conselho Nacional de Justiça devido a supostas faltas disciplinares. (RS)

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