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Programa do DF será levado à África



Um projeto utilizado para prevenir situações de violência contra a mulher, dedicado a adolescentes do ensino médio em escolas públicas, tornou-se referência no Distrito Federal, atingindo mais de 2 mil meninas. Com o sucesso na capital, a iniciativa será reproduzida em outras cidades do país e, até o final do ano, uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) poderá levar a iniciativa para países africanos. Os primeiros serão Moçambique e Angola.

;Quem já ouviu falar em algum caso de violência contra a mulher? Como identificar um agressor em potencial?;. Estas são perguntas feitas por Vanessa Ribeiro para as meninas presentes nas palestras. A resposta vem logo em seguida, pelas mãos erguidas, e ela esclarece: ;Não existem características físicas ou emocionais, qualquer pessoa pode ser um agressor: namorado, amigo, pai, irmão;.

Com o objetivo de instruir meninas entre 14 e 18 anos, o programa foi aplicado em 20 estabelecimentos de ensino de Brasília. A iniciativa ;Defesa das Mulheres;, promovida por Vanessa, que é especialista em segurança, treinamento e defesa pessoal para mulheres, ensina técnicas simples para que as meninas possam se proteger de casos do dia a dia, por exemplo: como sentar no ônibus, em carros de aplicativo ou até mesmo em tentativas de sequestro. Mas segundo ela, é necessário sempre uma avaliação da situação.

;No ônibus, você tem sempre que se sentar no corredor, pois é onde tem menos chance de assédio e pode sair correndo e gritar. O agressor não te prende. No carro, sente sempre atrás do motorista, ligue para alguém ao entrar no veículo avisando em quanto tempo chegará e compartilhe a viagem com essa pessoa. A chance de acontecer alguma coisa diminui para quase zero;, alertou.

Entre outros temas, Vanessa aborda questões como relacionamento abusivo, identificação de algum tipo de assédio e exemplos práticos de como se defender nesses casos. Ela ensina pontos sensíveis do agressor para atingir nos momentos de tensão: olhos, nariz, garganta e genitais. ;Mesmo as mais baixinhas podem utilizar essas técnicas e se defenderem;, afirmou.

Ana Carolina Oliveira Freire, 18 anos, moradora do Itapoã, aluna do 3; ano do Centro de Ensino Médio Setor Oeste (Cemso), avaliou que o assunto é muito importante e deve ser tratado nas escolas. ;Os homens acham que somos frágeis. Este reforço nos ajuda e evita situações de agressão;, disse.

Sem nunca ter ouvido falar de qualquer uma das ações abordadas na palestra, Bruna Sudré, 17, que mora em Vicente Pires e é aluna do 2; ano, disse que, agora, estará mais atenta a todas as situações.

;A maioria das meninas acha que é frágil, porque não sabe como se defender. Já passei por algumas situações e, com certeza, se eu soubesse antes, teria agido corretamente;, ressaltou Bruna.

Segundo Vanessa, os feedbacks chegam antes mesmo do dia acabar. ;As meninas sempre me procuram depois para relatar alguma situação ocorrida com elas ou de que elas ficaram sabendo. Sempre dizem que, depois do que aprenderam, não serão mais as mesmas, e tomarão atitudes diferentes;, afirmou.

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo