postado em 03/10/2019 04:11
Companhias aéreas estrangeiras de baixo custo, que praticam tarifas menores ao eliminar serviços tradicionais oferecidos aos passageiros, estão começando a causar furor no mercado. A argentina FlyBondi vendeu ontem passagens do Rio de Janeiro para Buenos Aires a R$ 1, mais taxa de R$ 122 por trecho. A promoção, que tinha vigência prevista até o dia 11 de outubro, data de estreia da companhia, se esgotou em três horas.
A empresa, que se autointitula ultra low cost (super baixo custo), disponibilizou mais de 800 passagens, sendo 20 lugares por avião, em mais de 40 voos, que saem do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto El Palomar, em Buenos Aires, entre outubro e novembro. Em julho, a empresa foi autorizada a voar no país, em mais de 15 trechos, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Brasília é um deles, porém, não há previsão de início.
Outras três empresas de baixo custo estão atuando no Brasil, com viagens que ligam o país ao Chile e Inglaterra. São elas: a noruega Norwegian e as chilenas Sky Airlines e JetSmart. Em 2020, a inglesa Virgin unirá o Brasil à Europa. De acordo com a Anac, também está em processo de autorização a operação da Air Europa, com rotas do Brasil para a Espanha, e da Air China, que anunciou recentemente intenção de expansão no Brasil para atuar no mercado doméstico.
A chegada dessas empresas no mercado brasileiro são impulsionadas por mudanças na regulação, como a permissão para cobrar o despacho de bagagem e a elevação para até 100% da participação de empresas estrangeiras na composição acionária de companhias brasileira, antes limitada a 20%.
Segundo a Anac, as empresas buscam o país devido ao potencial de expansão em número de passageiros, aeroportos com boa infraestrutura e economia com perspectivas de crescimento.
As empresas low cost cobram por itens, como o despacho de bagagem, comida, travesseiro, escolha de assento e até mesmo os fones de ouvido. Caso o cliente deseje algum desses serviços, pode efetuar o pagamento no momento da compra ou durante o voo. A cobrança por esses serviços faz com que os modelos low cost consigam oferecer passagens a preços menores com as empresas tradicionais.
Outro fator de influência é o baixo número de aviões que trabalham por mais horas durante o dia, resultando em mais eficiência e produtividade. O barateamento é possível também graças aos aeroportos em que operam, que costumam ser mais distantes dos centros. No caso da FlyBondi, o aeroporto El Palomar proporciona também ;agilidade nos processos relacionados aos passageiros e autorizações de pousos e decolagens;, explicou o executivo da companhia, Maurício Sana.
De acordo com a FlyBondi, os preços comercializados pela empresa são de 30% a 40% mais baixos do que os dos concorrentes. O low cost, segundo Sana, é possível pela oferta um número maior de assentos, 15% a mais do que as outras companhias, para o mesmo tipo de avião. ;Isso faz com que mesmo que o preço do combustível esteja alto, o preço para consumidor continue baixo;, afirma. A frota conta com cinco aviões Boeing 737-800 NG, cada um com 189 assentos em classe única.
;Quem ganha é o consumidor. Isso porque a competição promove a queda dos preços e faz surgir demanda por serviço. As companhias low cost acabam incentivando as pessoas a viajarem pelo apelo do preço;, diz o economista Leonardo Casson.
Para ele, porém, é preciso ter cuidado na hora da compra e avaliar cada item para que, no final, somando todos os custos à parte com os quais o passageiro terá que arcar, a viagem não saia mais cara do que se fosse comprado um bilhete por uma das companhias tradicionais.
O executivo da FlyBondi afirma que as companhias de baixo custo tratam o consumidor com a mesma qualidade e segurança que tradicionais. Segundo ele, na Argentina já existe um programa de benefícios que promove descontos a mais de cinco mil associados e previsão é de que o programa chegue ao Brasil. De acordo com a Anac, o preço baixo não influencia a segurança do passageiro.
*Estagiária sob a supervisão de Cláudia Dianni