Brasil

Ministro lamenta falta de empenho e punição

Ao divulgar balanço do exame, Weintraub aponta pouca seriedade de alunos, o que distorce resultados

postado em 05/10/2019 04:12
Weintraub (C) diz que resultados do Enade não expressam realidade, pois universitários não levam exame a sério

Dos 8.821 cursos avaliados no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) em 2018, apenas 492 tiraram nota máxima. Os números foram apresentados ontem pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ao comentar os resultados, o ministro Abraham Weintraub afirmou que o aluno que faz a prova ;de qualquer maneira; impede que o governo tenha um termômetro adequado sobre a qualidade do ensino superior.

Para tentar mudar essa realidade, Weintraub destacou que o governo federal estuda ações para punir os estudantes que apresentem baixo desempenho no Enade. Para o ministro, o aluno que acerta apenas 10% das questões não deveria nem estar apto para receber o diploma.

;Não temos como punir pessoas que acertam menos de 20% da prova. A vontade seria essa. A pessoa que faz a prova e acerta 10% das questões não deveria se formar e receber o diploma;, defendeu, apesar de reconhecer que o universitário não tem coisa alguma que o estimule a prestar um bom exame.

;O aluno pode chegar lá e fazer a prova como se não houvesse amanhã. Ele não tem nenhum incentivo individual para fazê-la de forma correta. Com isso, não temos como mensurar adequadamente se aquela instituição teve um bom desempenho de fato;, lamentou o ministro.

O desempenho dos estudantes que fizeram o exame é o que define como os cursos são classificados, em um conceito de 1 a 5, sendo 5 a nota máxima. Em 2018, 462 mil alunos fizeram a prova, sendo 85% estudantes de instituições privadas.

;Me preocupo com os dados. Para ter um bom planejamento e uma boa gestão, precisamos dos instrumentos para ler o que está acontecendo;, explicou.

O Enade é obrigatório, e quem não se submete a ele fica impedido de receber o diploma, porque a legislação classifica a prova como um componente curricular obrigatório. Ainda assim, conforme salientou o ministro, não há nenhuma punição severa para quem não faz a prova.

;Atrasa uns sete meses a colação (de grau). Dá mais trabalho não fazer o exame do que fazer. É ruim para a sociedade, porque não temos um bom termômetro do ensino superior", insistiu.

Segundo o presidente do Inep, Alexandre Lopes, o estudante que faltar ao Enade precisa passar por um processo de regularização semelhante ao de um eleitor que deixa de votar. Para normalizar a situação, o aluno deve justificar a ausência ante a instituição em que estuda ou junto ao Inep. E, caso a explicação não seja aceita, tem que esperar a análise do Instituto para o caso.

Divulgação de melhores


Uma possível mudança, no sentido de estimular o universitário a levar a sério o Enade, é a divulgação dos nomes dos melhores alunos por faixa de desempenho, uma vez que é proibido divulgar a nota exata de cada participante.

"Queremos divulgar os alunos que tiveram os melhores resultados como forma de incentivo. Para que possam colocar isso no currículo e buscar uma vaga de emprego", ressaltou o presidente do Inep. A mudança pode ser estudada para inclusão no edital de 2020.

O baixo desempenho das universidades pode ser visto na classificação dos cursos que mais tiveram estudantes inscritos no Enade. É o caso de Administração e Direito que, juntos, representam 48,5% do número total de inscritos. Ao todo, os cursos levaram 227 mil alunos a fazerem a prova.

A maioria foi classificada com notas 3 e 2. No caso de Administração, 51% dos cursos tiveram conceito 3, e 22,2% tiveram nota 2. A avaliação dos cursos de Direito segue na mesma direção: 43,4% tiraram nota 3, e 33,8% ficaram com 2. Do total analisado, 3.830 cursos foram classificados como conceito 3.

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