postado em 07/10/2019 04:13
Não surpreende que o papa Francisco tenha convocado um sínodo para tratar sobre a Amazônia. Em 2015, dois anos depois de ter sido eleito, ele publicou a encíclica de número 298 da história da Igreja Católica, com uma novidade: pela primeira vez, o meio ambiente era o assunto principal de um documento do gênero. E com argumentos científicos.
;Laudato Si;, como o documento foi chamado, trouxe elementos científicos para defender o ;cuidado da casa comum;. Clamava pelo bom uso dos recursos naturais, pela economia de água, pela reciclagem e pela ecologia integral, ou seja, preservar o ambiente não é simplesmente não desmatar, mas também respeitar comunidades locais, suas tradições e suas culturas.
Em 192 páginas, Francisco criticou fortemente o modelo insustentável da atual sociedade de consumo. E, ao contrário de muitos governantes, apoiou-se em argumentos científicos para corroborar que o ser humano é o grande responsável pela crise climática vivida no mundo.
;Inúmeros estudos científicos relatam que a maior parte do aquecimento global das últimas décadas se deve à concentração de gases do efeito estufa emitidos principalmente por causa da atividade humana;, escreveu o papa.
No documento, o pontífice afirmou que a humanidade precisa urgentemente ;tomar consciência da necessidade de realizar mudanças de estilo de vida, de produção e consumo, para combater o aquecimento global ou, pelo menos, as causas humanas que o provocam e o agravam;.
Na encíclica, Francisco ainda cobrou que negociações internacionais se esforcem para diminuir os efeitos da catástrofe climática. ;A fraqueza da resposta política internacional é impressionante;, afirmou. ;A submissão da política à tecnologia e às finanças se revela no fracasso das cúpulas sobre o clima. Muito facilmente, o interesse econômico prevalece sobre o bem comum e manipula informações para não ver seus projetos afetados.;
O papa lembrou a responsabilidade com os mais pobres, como uma condição importante. ;Chegou o momento de aceitar uma certa diminuição do crescimento em algumas partes do mundo, garantindo recursos para o crescimento saudável em outras partes;, escreveu. ;Qualquer abordagem ecológica deve incorporar uma perspectiva social que leve em conta os direitos humanos das pessoas mais desfavorecidas. A tradição cristã nunca reconheceu como direito absoluto e inviolável o direito à propriedade privada; ela destaca a função social de todas as formas de propriedade privada.;