postado em 17/10/2019 04:15
[FOTO1]A confirmação de que o governo de Jair Bolsonaro pretende fundir o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) mobilizou funcionários das duas instituições a abraçarem o prédio do CNPq, ontem, em protesto.
O governo justifica a fusão dos dois principais órgãos federais de fomento à pesquisa com base no papel semelhante que exercem. O resultado seria a criação de uma nova agência vinculada ao Ministério da Educação (MEC), intitulada Fundação Brasileira para a Ciência. O argumento para a junção está baseado em economia de recursos devido à unificação de pessoal e sistemas.
;Há notícias de que existe uma medida provisória pronta para que essa fusão aconteça. A gente precisa se posicionar, mostrar que os funcionários, o corpo técnico, servidores, a comunidade científica, são contra a fusão;, disse o diretor jurídico do Sindicato Nacional dos Gestores em Ciência e Tecnologia, Michael Morgantti.
De acordo com Morgantti, o principal ponto negativo da fusão dos dois órgãos é a perda de pesquisadores e docentes, o que resultaria em menor entrega de pesquisas. ;É o efeito contrário do que o governo alega querer. E isso é sistêmico porque, ao reduzir a oferta das duas agências, isso se espalha para as instituições federais de ensino superior, que são as instituições clientes dessas duas agências. É um efeito cascata que vai ser prejudicial a todo o sistema e para o ensino superior também;, ressaltou.
Para ele, o abraço ao prédio da Capes sinaliza que o serviço público na área de ciência, tecnologia e educação superior está unido para defender o sistema nos moldes
atuais. ;O interesse é justamente defender o sistema nacional de ciência e tecnologia. Está acontecendo uma campanha de desinformação para a população, dizendo que há ineficiência, que gasta-se muito e que não há resultados concretos;, lamenta. ;Na verdade, o CNPq tem um estoque gigantesco dos relatórios técnicos de pesquisa que financia;.
A confirmação da fusão foi dita pelo presidente da Capes, Anderson Correia, em uma reunião na sexta-feira. Correia concorda com a justificativa apresentada pelo governo de que ambas as instituições desempenham papéis análogos. Em comunicado, a instituição se posicionou como a favor da decisão.
*Estagiária sob a supervisão
de Cláudia Dianni