postado em 21/10/2019 04:17
[FOTO1]A primeira celebração no Brasil em homenagem à Santa Dulce dos Pobres foi realizada ontem na Arena Fonte Nova, em Salvador. Cerca de 55 mil pessoas acompanharam a extensa programação, que incluiu apresentações musicais, espetáculo teatral e missa presidida por dom Murilo Krieger, arcebispo da capital baiana. Os portões abriram às 12h, mas desde cedo devotos da santa baiana já esperavam nas filas para garantir o melhor lugar. Foi o caso de Joaquim Albuquerque, 66 anos, que chegou às 7h para garantir o primeiro lugar na fila em um dos setores do estádio.
Ele viajou do Rio Grande do Norte para a Bahia para assistir à celebração, em agradecimento por uma graça alcançada. ;A conheci quando morei aqui, ela ainda era Irmã Dulce. Depois voltei para meu estado. Um mês atrás, eu adoeci. Tive uma infecção intestinal muito séria. Me peguei com ela e pedi que fizesse a vontade do Senhor. Hoje estou aqui, curado, só agradecendo;, contou Albuquerque, emocionado.
Logo no início da programação, 12 integrantes da Irmandade da Conceição da Praia entraram na arena com a imagem de Nossa Senhora. Além dela, a procissão também levou ao estádio uma imagem de Nosso Senhor do Bonfim. No palco, diversos artistas se revezaram, entre eles, Margareth Menezes, Saulo, Adelmario Coelho, Targino Gondim e o tenor Thiago Arancam. Irmã Dulce tornou-se santa no domingo passado, 13, em cerimônia realizada no Vaticano pelo papa Francisco.
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Todo tipo de homenagem pode ser vista entre os devotos. A artista plástica Ivana Lemos Justo, 55, trouxe duas de suas obras, um busto e uma imagem de Irmã Dulce. Ela lamentava que não poderia entrar na Fonte Nova com as peças. ;A obra dela me emociona muito e meus trabalhos são sempre relacionados ao que me toca, é como uma obrigação;, disse Ivana. ;Desde criança eu conhecia as obras dela, o trabalho nos Alagados (localidade de Salvador). Hoje, minha filha é enfermeira nas Obras Sociais Irmã Dulce;, afirmou.
Quem não conseguiu ingresso para entrar na festa teve que assistir a cerimônia pela internet. O ponto alto da homenagem foi o espetáculo Império de Amor, que ao todo reuniu 700 atores, sendo 482 crianças. Moradores, fiéis e pacientes da Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) também subiram ao palco para demonstrar sua devoção à santa. Para organizar o evento, quem adquiriu o ingresso recebeu uma pulseira. Haviam vários modelos para dividir a entrada do público com a finalidade de evitar tumultos.
Dentro do estádio, foram proibidos itens como vasilhames, copos de vidro ou qualquer outro tipo de embalagem contendo bebidas ou refrigerantes de qualquer natureza que, direta ou indiretamente possam provocar ferimentos. Objetos de vidro, plástico ou metal como perfumes e cosméticos, substâncias tóxicas, fogos de artifício e de estampido, hastes de sélfie e qualquer tipo de arma.
Ao longo dos 77 anos de vida, Irmã Dulce foi uma fiel defensora do atendimento de saúde para pessoas mais pobres. Tudo começou quando ela foi procurada por um jornaleiro, em 1989. Ele estava ardendo e febre e implorou para que a santa não o deixasse morrer no meio da rua. Ela, com a ajuda de outros religiosos, arrombou a porta de uma casa abandonada e colocou o garoto ali. Ela levou biscoitos, colchonete, candeeiro e instalou o menino na residência.
Em pouco tempo, já havia ocupado sete casas. O dono, quando descobriu, chamou a polícia. Mas Dulce se recusou a abandonar os pacientes no local. Em uma conversa presencial com o proprietário, ela o convenceu a ceder o terreno para as obras sociais. Dez anos depois, ela deixou o espaço para ocupar um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio. Foi dali que nasceu o Hospital Santo Antônio, o maior da Bahia.