Brasil

600 toneladas de óleo retiradas das praias

Vazamento que atinge o litoral do Nordeste se agrava em Pernambuco e exige esforços do governo estadual e federal para conter a tragédia ambiental na região

postado em 21/10/2019 04:17
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Na primeira coletiva de imprensa convocada por um órgão federal exclusivamente para tratar das manchas de óleo que atingem o Nordeste desde 2 de setembro, a Marinha informou que já foram retiradas das praias da região 600 toneladas de óleo. De acordo com um levantamento da Força, a mancha já foi identificada em 2.250 quilômetros do litoral. A Marinha informou que o governo federal vai cobrir todos os custos dos três entes da Federação que trabalham para limpar a costa.

O Almirante de Esquadra e comandante de operações navais da Marinha, Leonardo Puntel, não deu números, mas afirmou, na tarde de ontem, que a União fará os repasses. Puntel afirmou que, no momento, há registro de óleo apenas em Aracaju, na praia de Atalaia, e em Pernambuco, na região de Suape, no entorno do porto, e no cabo de Santo Agostinho.

Os demais estados do Nordeste não tiveram novos registros de vazamentos. Segundo o almirante, desde o início de manchas, o local mais ao sul em que o óleo foi encontrado foi na Bahia, próximo a Salvador. A região já teria sido limpa. O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, emendou que, até agora, há registro de 67 animais ;oleados;. Desses, 14 tartarugas mortas. Segundo ele, apesar das perdas, o impacto ambiental tem sido menor do que o estimado inicialmente, diante da dimensão da área em que as manchas apareceram.

Puntel afirmou que o governo tem tido dificuldade de identificar a origem do óleo. Por se tratar de um petróleo cru e muito pesado, o vazamento viaja abaixo da superfície. Segundo ele, as manchas não são detectadas pelos radares e o governo tem utilizado aeronaves para tentar identificar as manchas. O almirante explicou que a Marinha não descarta nenhuma possibilidade sobre a origem. Citou, por exemplo, que o vazamento pode ter ocorrido durante um procedimento de troca de carga entre navios ; o chamado ;ship to ship; ; ou durante uma lavagem de tanque.

Segundo ele, a Marinha levanta quais foram os navios que passaram tanto em águas brasileiras ; limitadas a 200 milhas náuticas do litoral ; quanto fora delas. Mas ressaltou que já se sabe que o material não é brasileiro. ;A certeza que temos é de que não é originário do Brasil. Nosso óleo é fino e a densidade desse material é maior. Sabemos que (o derramamento) teve origem no Oceano Atlântico, entre 500 e 600 quilômetros da nossa costa;, afirmou.

O governo de Pernambuco informou que foram removidas 50 toneladas de óleo do mar e da areia das praias, além ter sido providenciada a proteção dos estuários dos rios do estado nos últimos dois dias. Também foi removido material em alto-mar por um dos barcos contratados pelo governo local, nas imediações da praia de Muro Alto, em Ipojuca. A Sala de Situação, criada pelo governador Paulo Câmara para tratar exclusivamente do tema, está capitaneando as ações. A equipe reúne a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e CPRH.

Todo o material removido está acondicionado temporariamente em áreas definidas pelas equipes de trabalho. Empresas de gerenciamento de resíduos perigosos já iniciaram o processo de recolher e transportar o produto para a destinação final. A operação está mobilizando cerca de 200 pessoas do governo de Pernambuco e de outros órgãos. Além disso, mais de 350 pessoas, entre voluntários e técnicos das prefeituras litorâneas, estiveram envolvidas nas ações de limpeza das praias.

O aparato usado na ação conta com três helicópteros (da Secretaria de Defesa Social-SDS, Marinha e Ibama); 30 viaturas; sete caminhões; e seis barcos, sendo duas embarcações equipadas com mantas e barreiras de contenção; duas lanchas, um navio patrulha da Marinha e um barco da Petrobras. Técnicos do governo pernambucano instalaram barreiras de contenção para impedir a entrada de óleo na foz dos rios Persinunga (São José da Coroa Grande); Maracaípe (Ipojuca); Mamucabas e Una, os dois últimos em Barreiros.

O secretário-executivo da Defesa Civil do estado, Lamartine Barbosa, agradeceu os milhares de voluntários civis que lotam as praias do estado para ajudar com o trabalho de limpeza. ;Tenho que agradecer as pessoas que estão indo para as praias fazer esse trabalho de retirada do óleo. No entanto, é importante ressaltar que o material é altamente tóxico e para manusear é necessário usar equipamentos de proteção, como luvas e máscaras;, disse.

No Twitter
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou, na noite de ontem, a demora em se descobrir de onde partiu o óleo que chega nas praias do Nordeste, além do contato de moradores com o conteúdo. ;As consequências do vazamento de óleo no Nordeste são inquietantes. Quase um mês depois, sua origem ainda é desconhecida. Sem diretrizes, prefeituras tem exposto moradores ao contato direto com a substância. Os órgãos ambientais devem
se articular com urgência para conter a crise;, escreveu no Twitter.

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