Brasil

Isenção de visto para 5 bi de pessoas

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/10/2019 04:13
; Renato Souza

A isenção de visto para cidadãos estrangeiros que pretendem visitar o Brasil avança em ritmo acelerado desde o começo do ano. Se colocar em prática todas as medidas anunciadas, o Brasil deixará de exigir visto de entrada para 5 bilhões de pessoas, ou seja, para 65% da humanidade, que atualmente tem 7,7 bilhões de pessoas. Até agora, o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou a retirada da exigência de emissão do documento para os Estados Unidos, Austrália, Canadá, China, Catar e Japão. De acordo com o Banco Mundial, somente a população chinesa alcança 1,6 bilhão de pessoas.

No entanto, além dessas nações, o presidente afirmou que pretende também liberar o visto para a Índia, que tem 1,3 bilhão de habitantes. De acordo com dados do Itamaraty, atualmente, cidadãos de 99 países não precisam de visto para entrar no Brasil. Com a inclusão da China e da Índia, anunciada na semana passada, e com o Catar, incluído ontem na lista do governo, o número de nações beneficiadas chega a 102.

No caso dos países que foram isentados a partir de janeiro, com exceção do Catar, não foi aplicado o critério da reciprocidade. Ou seja, o governo não exigiu que os brasileiros tenham o mesmo benefício caso pretendam viajar para essas nações. A intenção do governo é aumentar o turismo, para aquecer a economia. Por outro lado, o país deixa de arrecadar com taxas cobradas pelas embaixadas e consulados do Brasil no exterior, que emitiam os vistos mediante a cobrança de uma taxa. Procurado pela reportagem, o Itamaraty não informou qual o valor arrecadado no ano passado com este tipo de cobrança.

Abertura unilateral
O cientista político Magno Karl, mestre em políticas públicas pela Willy Brandt School os Public Polícy, vê como positiva a concessão de visto para outras nações. De acordo com ele, o governo pensa em benefícios econômicos. ;Os brasileiros se beneficiam mesmo que com a abertura unilateral. Pessoas que desejam fazer investimento, ou seja, trazer recursos ao país, encontram mais facilidade. Recursos também vêm em forma de turismo. Não perdemos nada, o setor hoteleiro, restaurantes e outras áreas não terão prejuízos. É uma forma de ganhar competitividade internacional. Mas é claro que poderia ser melhor, pois com reciprocidade os brasileiros também ganhariam acesso a esses mercados;, afirmou.

O especialista entende, porém, que o Brasil perde força no âmbito político, reduzindo seu poder de barganha em negociações com nações de várias partes do mundo. ;No debate político, de fato nós estamos entrando em uma negociação dispostos a abrir mão de um dos nossos argumentos. É uma discussão política. O Brasil escolhe entre atrair mais turistas ou ter mais poder de barganha. Acredito que o governo tenha feito a leitura levando em consideração o momento de crise que enfrentamos. O país recebe poucos turistas, então, o governo preferiu abrir mão do poder de negociação em favor de um pequeno benefício;, completou.

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