Brasil

Governo pedirá ajuda de outros países para investigar navio grego

Almirante afirma que quantidade diminuiu, mas existência de óleo submerso torna difícil estimar se haverá mais contaminação das praias, ao comentar fala de Bolsonaro de que ''pior ainda está por vir''. Dona de navio suspeito nega vazamento

Luiz Calcagno
postado em 05/11/2019 06:00

[FOTO1]O governo federal vai pedir ajuda de outros países, entre eles, Grécia e Cingapura, na investigação sobre o navio grego que transportava o óleo que atingiu a costa do Nordeste. A Interpol também deverá ajudar. O delegado da Polícia Federal e chefe de Serviço de Geointeligência da corporação, Franco Perazzoni demonstra otimismo no andamento da apuração, que contou com o auxílio de imagens de satélites e simulações.


O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, afirmou que o prejuízo do Brasil será na casa dos bilhões. A multa máxima por danos ambientais aplicada pelo Ibama é de R$ 50 milhões. Mas é possível haver mais de uma penalização, explicou.

Embora a quantidade de manchas tenha diminuído por toda a costa, como o produto está, em grande parte, submerso, é de difícil visualização. Por isso, segundo o coordenador da Operação Amazônia Azul e comandante de operações navais da Marinha, almirante Leonardo Puntel, não é possível descartar que correntes marítimas tragam quantidades ainda maiores do óleo para as praias brasileiras.

Puntel foi obrigado a explicar a incerteza da situação após o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter afirmado, no omingo, que ;o pior está por vir;. A boa notícia é que, ao menos por enquanto, o petróleo está chegando em menores quantidades em estados como Bahia e Sergipe. Não houve novos registros no santuário baiano de Abrolhos, e em parte da costa pernambucana o produto não voltou a aparecer. O Ministério da Defesa iniciará, agora, uma nova fase da operação. Militares do Exército e da Marinha atuarão na limpeza de regiões de mangues, estuários e arrecifes do Nordeste.

A empresa suspeita é a Delta Tankers, dona do navio Bouboulina, que teria derramado o petróleo, embarcado na Venezuela, ao passar ao largo da costa brasileira. A companhia, porém, afirma que descarregou todo o óleo na Malásia. Ao todo, o produto atingiu nove estados, 110 municípios e 314 localidades. As operações de limpeza da costa brasileira contam com 10.180 pessoas. Voluntários, funcionários dos governos federal, estadual e municipal, além de militares, já retiraram quatro mil toneladas de resíduos tóxicos da areia e da água do mar. O Executivo federal já disponibilizou mais de 21 mil equipamentos de segurança e entregará outros 36 mil. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Defesa.

Crime transnacional

Perazzoni comentou a complexidade das investigações em um incidente que envolve outras nações. ;O prejuízo no turismo é um problema. Os danos ambientais são estratosféricos. Quando se trata de crimes transnacionais, dependemos da diplomacia, da cooperação jurídica internacional, da cooperação policial. O crime foi no Brasil. A jurisdição é brasileira. Os efeitos se deram aqui. Mas precisamos de outros países para concluir a investigação. O descarte de óleo no oceano também é crime na Grécia, o que facilita. O que buscamos é ajuda na produção de provas. Já fizemos o pedido de cooperação policial e, agora, faremos pela via judicial;, explicou.

Puntel, por sua vez, falou sobre as peculiaridades do desastre na costa brasileira. ;Todo acidente inédito leva a várias ideias e muitas possibilidades. Nesse caso, não podemos descartar nenhuma possibilidade, e precisamos tomar medidas de mitigação. Como é óleo submerso, não sabemos se existe muita coisa ou pouca coisa. Não há uma maneira precisa para monitorar essas manchas. Temos que estar atentos;, afirmou.

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