Brasil

Mariana, 4 anos de precariedade

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 06/11/2019 04:14

Previsto para dezembro de 2020, depois de cinco adiamentos, o processo de reassentamento da população removida do povoado de Bento Rodrigues, arrasado pelo rompimento da Barragem do Fundão, entrou no radar do Ministério Público Federal (MPF), depois que a consultoria Ramboll indicou que a iniciativa para alojar 256 núcleos familiares já custa cerca de 2,5 vezes o preço inicial estimado. São recursos que a Fundação Renova gasta após receber de suas mantenedoras, a Samarco ; responsável pelo desastre em Mariana, que ontem completou quatro anos ;, e as mineradoras que a controlam: Vale e BHP Billiton. Além do gasto extra provocado pelo atraso no reassentamento, que angustia os atingidos, no canteiro de obras desvios de insumos e ferramentas são corriqueiros.

A maior parte dos atingidos alojados em imóveis de Mariana e Barra Longa, vistoriados por iniciativa do MP Federal, estão em áreas inadequadas e de risco. A quantidade de pessoas nessas condições, segundo amostragem do MPF, soma 56%. Os quatro anos que a tragédia do rompimento da Barragem do Fundão completou poderiam representar certo alívio para parte dessas famílias, com a entrega das primeiras casas do reassentamento, mas apenas duas estão sendo erguidas e 17 estão licenciadas. Os moradores do subdistrito de Mariana riscado do mapa depois de soterrado pela passagem de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, que desceram com o rompimento, ainda vivem espalhados pelo município.

Em avaliações das assessorias técnicas de auxílio a atingidos, advogados que representam quem foi afetado e Ministério Público, em escalas federal e estadual, as áreas mais comprometidas são as sociais, como reassentamentos de 512 núcleos familiares, e programas assistenciais e ambientais. Processos complexos, com idas e vindas, afetam 700 mil pessoas em Minas Gerais e no Espírito Santo, ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, até o litoral capixaba.

Entre os principais atrasos está o dos reassentamentos de famílias atingidas pelo desastre, que podem estar relacionados a superfaturamento, desperdício ou imperícia na execução de obras. Apenas a construção de Novo Bento Rodrigues deveria custar R$ 160 milhões, mas as estimativas já rondam os R$ 400 milhões (150% acima do previsto).

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação