postado em 20/11/2019 04:04
Uma exposição que trata do racismo no Brasil virou motivo de bate-boca e agressão, ontem, na Câmara dos Deputados. O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancou da parede da exibição uma imagem em que aparecia um policial, de arma na mão, e um rapaz negro estendido no chão, com a camisa do Brasil e algemado. No cartaz, de autoria do desenhista Carlos Latuff, lia-se ;O genocídio da população negra;.
O ato do deputado provocou reação imediata de deputados presentes na Casa. Houve discussão na saída da exposição e gritos de ;racista; em direção a Tadeu. ;Ele não suportou uma exposição que registra a presença negra na história do Brasil nos diversos campos. E veio aqui e arrancou parte da exposição, onde havia a denúncia de um genocídio negro no Brasil;, afirmou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
;Ele arrancou tudo, destruiu tudo e cometeu o crime de racismo e quebra de decoro;, acrescentou. Jandira e outros parlamentares, como a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), prometeram levar o caso ao Conselho de Ética da Câmara. ;O quadro trazia dados sobre a violência de Estado contra negros e pobres. Não adianta quebrar placas! Precisamos de outra política de segurança!”, denunciou a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Desde o início do dia, a imagem arrancada por Tadeu vinha causando desconforto aos deputados da chamada ;bancada da bala;. Mais cedo, o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) já havia encaminhado ao presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), um pedido para que o cartaz fosse retirado da exposição.
Maia, por sua vez, aproveitou a condição dos trabalhos da Câmara para criticar a atitude de Tadeu. ;Hoje é um dia em que nós deveríamos estar defendendo a inclusão dos negros na política, em igualdade e oportunidade, e não agredindo cartaz que pode, inclusive, ser injusto com parte da polícia, mas isso nós deveríamos ter resolvido com diálogo e não com agressão;, disse na mesa do plenário, com o próprio agressor sentado próximo.