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Clínica veterinária é acusada de congelar animais para enganar donos em MG

Um homem foi preso durante a operação "Arca de Noé" da Polícia Civil de MG, e uma mulher segue sendo procurada

Estado de Minas
postado em 22/11/2019 18:46
[FOTO1] Maus-tratos, estelionato, e crimes ambientais. Estes são os crimes pelo qual o dono de uma clínica veterinária irá responder. O homem foi preso durante a operação ;Arca de Noé;, desencadeada nesta sexta-feira em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A clínica foi fechada. Uma mulher segue sendo procurada. Entre as irregularidades encontradas, está a transfusão de sangue irregular, diagnósticos errados, uso de medicamentos equivocados e vencidos, e até o congelamento de animais mortos.

As investigações tiveram início neste ano com uma denúncia de descarte de lixo veterinário, com produtos e substâncias tóxicas ou nocivas à saúde humana ou ao meio ambiente, em lixo comum. Situação que culminou com uma ação civil pública do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Junto a isso, a Polícia Civil abriu um inquérito para apurar possíveis crimes de maus-tratos que vinham acontecendo na clínica.

Com a autorização da Justiça, foi montada a operação, desencadeada nesta sexta-feira. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no estabelecimento e na casa dos proprietários ; ambos veterinários ; e de mais três investigados. Um mandado de prisão temporária contra a esposa do dono da clínica também foi expedido, porém ela ainda não foi encontrada. Foram apreendidos documentos, e celulares dos envolvidos.

;Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na clínica, na casa dos proprietários e de alguns funcionários, além da residência de um advogado. O mandado de prisão preventiva do dono da clínica foi cumprido e o de prisão temporária de sua esposa está em aberto, pois ela não foi encontrada. Ambos eram veterinários, porém a Justiça determinou a suspensão do exercício da profissão dos dois e das atividades da clínica veterinária;, afirmou a Delegada-Geral do Departamento Estadual de Investigação de Crimes contra o Meio Ambiente (Dema).

Irregularidades


Durante as investigações, diversas irregularidades foram encontradas na clínica. ;Os animais recebiam diagnósticos equivocados. Eram realizadas transfusões de sangue erradas. Às vezes, o animal era levado para tomar banho e tosa pelos donos e acabava tendo sangue extraído para fim de transfusão em outro animal e comercialização. Também foram constatados a aplicação de medicamentos equivocados e vencidos. É uma gama de maus-tratos que vinham sendo praticados aqui na clínica;, disse o delegado Bruno Tasca.

Outro crime praticado na clínica era de estelionato. Os animais que morriam eram congelados e os funcionários enganavam os donos. ;Animais morriam e a clínica demorava para comunicar o tutor do animal para fins de obter a diária e o tratamento que vinha sendo realizado, que na verdade não existia. Por isso fica caracterizado o estelionato;, explicou Tasca.

De acordo com o delegado, ao ser preso, o dono da clínica se mostrou surpreso. ;Ele ficou surpreso e não sabe o motivo para o cumprimento da diligência;, contou. Por meio de nota, a empresa afirmou que ;que está surpresa com a operação e que se pronunciará, publicamente, após análise de todas às denúncias sofridas;. Também se colocou à disposição para o esclarecimento dos fatos.

O Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG) afirmou, por meio de nota, que fiscalizou a clínica neste ano e não foram encontradas irregularidades. ;No segundo semestre de 2019 foram recebidas três denúncias contra os proprietários da clínica, tendo sido instaurados três processos éticos para apuração das informações. Os três processos encontram-se em fase de instrução no CRMV-MG; respeitado o amplo direito de defesa e do contraditório, conforme previsto no Código de Processo Ético;, afirmou. Esclareceu que os veterinários denunciados não se encontra com os registros suspensos.


Clientes inseguros


Moradores que levavam os animais para tratamento na clínica ficaram surpresos com as irregularidades e estão inseguros. Um deles é o administrador Wilder Félix Soares, de 49 anos. ;Vou levar o meu cachoro para outro veterinário, pois o diagnóstico que foi dado aqui terá que ser verificado. Eu não acredito mais não. Vou esperar a investigação da polícia para posicionar e ver o que fazer;, disse.

Segundo Soares, ele levava o cachorro frequentemente ao local e que nunca teve nenhum tipo de problemas. ;Não sabíamos o que acontecia nos bastidores, então estamos chocados;, finalizou.

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