Agência Estado
postado em 27/11/2019 18:21
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta quarta-feira, 27, que vê situações de "oportunidade" para que o Brasil libere a exportação "in natura" de árvores nativas da Amazônia, ou seja, a venda de troncos retirados da floresta, sem nenhum tipo de beneficiamento. O plano, levado ao governo por madeireiros, foi defendido publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro, depois de a iniciativa ser revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo no último sábado.
As oportunidades, segundo Salles, seriam situações como a vivida na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, onde, segundo o ministro, "cerca de 500 hectares foram suprimidos sem nenhum aproveitamento da madeira".
"Essa madeira continua a ser suprimida em abertura de rodovias e áreas privadas. No caso dessas oportunidades, houve queima ou simples inundação da área desperdiçando a madeira", afirmou. "Se pudesse, em casos específicos, exportar essa madeira, ela não teria se perdido."
A usina hidrelétrica de Belo Monte, na realidade, não inundou árvores, até porque a legislação ambiental brasileira não permite isso e obriga, do concessionário, a limpeza geral da área e extração do material da região.
Apesar das sinalizações de que apoia o pleito do setor, Salles disse que "essa é uma decisão que tecnicamente está sendo analisada e será tomada de forma equilibrada e no momento adequado".
"Esse pleito foi apresentado ao ministério. Há uma série de considerações feitas de parte a parte. Estamos analisando tecnicamente. Há visões de que isso poderia, de um lado, estimular eventualmente o desmatamento", comentou.
Brasil na COP-25
Na segunda-feira, 2, o ministro terá reuniões técnicas em Madri, onde ocorrerá a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-25, depois de o Brasil ter rejeitado sediar o encontro.
Salles reafirmou que irá ao encontro para cobrar a contrapartida financeira dos países, porque o Brasil, em sua avaliação, tem cumprido com todas as suas exigências com o que definiu como "ambientalismo de resultado".
"O Brasil tem muita coisa feita e levará para a COP todo acervo de temas ambientais. Por outro lado, também quer receber a sinalização, finalmente, de que a promessa de recursos vultosos de países ricos para os países em desenvolvimento, já a partir do ano que vem, se concretize."
Na negociação do Acordo de Paris, houve sinalização de oferta de US$ 100 bilhões por ano (cerca de R$ 425 bilhões), disse o ministro.
"O Brasil certamente tem a maior legitimidade para pleitear uma boa parcela desses US$ 100 bilhões. Nosso trabalho é criar o mecanismo jurídico no âmbito do acordo de Paris e na legislação nacional, para que esse recurso já comece a fluir para o Brasil a partir do ano que vem."