postado em 28/11/2019 04:05
[FOTO1]A Secretaria de Cultura do Governo Federal nomeou ontem Sérgio Nascimento Camargo para a presidência da Fundação Palmares, em substituição a Vanderlei Lourenço. A escolha causou polêmica: o novo comandante da autarquia é conhecido por utilizar as redes sociais para, em comentários, negar vários temas caros à militância afro-brasileira, como o fomento da cultura e das manifestações de origem africana.
Sérgio já se envolveu em conflitos com personalidades negras e verberou contra questões importantes para o movimento: colocou-se contrariamente ao dia da Consciência Negra; atacou atores negros, entre eles Taís Araújo; e declarou ainda que a escravidão foi boa porque negros viveriam em condições melhores no Brasil do que no continente africano.
Ele ainda defendeu, por decreto, a extinção do feriado em homenagem a Zumbi dos Palmares, porque causaria ;incalculáveis perdas à economia do país; e porque celebra a memória de um ;um falso herói dos negros;.
;Fui nomeado presidente da Fundação Cultural Palmares, a convite do secretário especial da Cultura, Roberto Alvim. Assumir o cargo será uma grande honra e ao mesmo tempo um desafio! Grandes e necessárias mudanças serão implementadas (...). Sou grato a Deus por essa oportunidade. Minha atuação à frente da Fundação será norteada pelos valores e princípios que elegeram e conduzem o governo Bolsonaro;, escreveu.
Em nota, a Secretaria de Cultura afirmou apenas que a indicação de Sérgio partiu do secretário especial de Cultura, Roberto Alvim.
Questionado sobre a repercussão negativa da escolha, o porta-voz da República, Otávio Rêgo Barros, evitou comentar o caso e jogou para Alvim a responsabilidade da indicação.
Perguntado se Bolsonaro deu aval para a nomeação e se, diante da polêmica, Rêgo Barros disse que Sérgio possui condições de assumir o cargo, que ;é preciso entender o processo de nomeação de funcionários de níveis um pouco mais abaixo e que não estão diretamente sob responsabilidade do presidente da República;.
;Evidente que o ministro, quando achar adequado, comenta com o presidente a nomeação. Nesse caso, não tive oportunidade de comentar com ele, de forma que não há como esboçar o pensamento dele em relação ao caso;, completou Rêgo Barros.
- Tentativa de acabar com a Ancine
O presidente Jair Bolsonaro nomeou ontem a consultora em comércio exterior Katiane de Fátima Gouvêa como secretária do audiovisual da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania. A confirmação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de ontem. Ela entra na vaga de Ricardo Rihan, que permaneceu 90 dias no cargo. A substituição foi um pedido do secretário especial de Cultura, Roberto Alvim. Integrante da Cúpula Conservadora das Américas, Katiane candidatou-se para deputada federal no ano passado, pelo PSD, com o nome de Katiane da Seda, mas não se elegeu. A nova secretária não tem experiência no setor, mas teve seu nome ligado a um documento que, meses atrás, incentivou Bolsonaro a quase extinguir a Ancine.