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Polícia cumpre mandados em empresa por veto de 'negras e gordas' em vagas

Segundo delegada responsável pelo caso, celulares foram apreendidos e vão passar por perícia. O prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias

Cristiane Silva/Estado de Minas
postado em 29/11/2019 13:55

[FOTO1]Policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão em dois endereços comerciais e uma residência, na manhã desta sexta-feira (29/11), como parte das investigações que apuram uma denúncia de racismo envolvendo uma oferta de emprego em Belo Horizonte. Uma cuidadora de idosos de 41 anos denunciou duas empresas de recrutamento e qualificação profissional após um anúncio de uma vaga pedindo candidatas que não fossem "negras ou gordas".

A delegada Stefhany Karoline Martins Gonçalves, responsável pela investigação, explicou que os alvos dos mandados eram a empresa Home Angels, no Centro de BH, a A Leveza do Afeto, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul da capital, e a casa de uma funcionária que trabalha com recrutamento e contratação. ;Apreendemos celulares que estão envolvidos no caso. Houve uma demanda de pessoas com esses critérios e mensagens em um grupo;, informou a delegada.

A policial informou que os celulares vão passar por perícia. O processo pode levar duas semanas, mas depende da quantidade de aparelhos recolhidos. O prazo para conclusão do inquérito é de 30 dias.

O Estado de Minas entrou em contato com a Home Angels e aguarda resposta. A reportagem também tentou contato com responsáveis pela agência A Leveza do Afeto, mas até o início da matéria ninguém havia sido localizado.

Entenda o caso

O episódio ocorreu em 31 de outubro. As oportunidades foram anunciadas por meio de uma lista de distribuição do WhatsApp administrada pela agência A Leveza do Afeto, que atua na formação de cuidadores de idosos e posterior indicação dos profissionais ao mercado de trabalho. Demandadas por uma franquia da empresa Home Angels, as vagas eram temporárias, destinadas a folguistas, com remuneração de R$ 100 por plantão, mais vale-transporte.

Empregada há dois anos com carteira assinada, Eliângela Lopes afirma que ela e várias de suas colegas frequentemente se candidatam a anúncios como esses para complementar a renda. ;Achei que era fake news. Em seguida, escrevi a ela dizendo que aquilo era muito preconceito, mas ela me respondeu que era exigência do cliente e que não podia fazer nada. Fiquei impressionada com o fato de uma psicóloga apoiar tamanha discriminação;, relatou Eliângela em entrevista ao Estado de Minas no dia 13 de novembro.

Pouco tempo depois, a empresária teria enviado uma nova mensagem às integrante da lista de transmissão, na qual se desculpava. ;Um pouco mais tarde, nos falamos também por telefone. Acho que ela se deu conta do que tinha feito, mas não é simples assim. Eu me senti um lixo quando li o anúncio, chorei muito. Então conversei com o presidente da associação dos cuidadores de idosos de BH e decidi não me calar. Fiz uma denúncia à polícia e espero justiça;, relatou a cuidadora de idosos, com quatro anos de experiência.

*Com informações de Cecília Emiliana

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