postado em 30/11/2019 04:14
[FOTO1]Mais de 135 mil pessoas vivem com Aids sem saber no Brasil. E pelo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado ontem, um grupo é particularmente vulnerável: o de homens na faixa dos 25 aos 39 anos de idade, conforme salientou o ministro Luiz Henrique Mandetta, apesar dos ganhos obtidos.
;Temos uma epidemia estabilizada em torno de 900 mil pessoas com casos de Aids, e podemos observar uma epidemia, principalmente em homens jovens, na faixa etária de 25 a 39 anos. É com essa população que precisamos trabalhar prioritariamente;, explicou.
Às vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, amanhã, o ministro admitiu que alcançar e conscientizar essa parcela de homens é mais difícil e, por isso, as altas taxas de detecção. ;Precisamos trabalhar as estratégias de comunicação com essa população. É uma geração de disrupção, de internet. Eles estão se apropriando da seguinte informação: ;isso é uma doença que a gente toma um remédio e vida que segue. Acabou o preservativo;.;
Mandetta afirmou que muitos jovens pensam que basta tomar o Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) para automaticamente se excluir do grupo de risco.
;Minha geração viu Cazuza e Freddie Mercury morrerem. Tivemos muitas histórias e fomos tendo vitórias. Temos que voltar com isso, e essa história tem que ser mais bem narrada, mostrando que, apesar do tratamento, as pessoas ainda morrem.;
De acordo com os dados apresentados ontem, das 900 mil pessoas com HIV, 766 mil foram diagnosticadas, 594 mil fazem tratamento com antirretroviral e 554 mil não transmitem o HIV, pois atingiram a carga viral indetectável.
;Fazendo o teste e iniciando o tratamento, a pessoa não transmite mais HIV em seis meses;, destaca Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI+.
Entre 2014 e 2018, foram evitadas 2,5 mil mortes pela doença e, nos últimos cinco anos, o número de óbitos caiu de 12 mil casos, em 2014, para 10,9 mil, em 2018. Além disso, aproximadamente 12 mil casos foram evitados no país nesse período. Até outubro deste ano, 38 mil pessoas iniciaram o tratamento para HIV.
;Precisamos promover a testagem. As avós não abrem mão de vacinar os seus netos, pois as vacinas nos anos 80 mobilizaram todos os lugares do país. Essa geração, que hoje é de avós e bisavós, se apropriou, pois ela viu como as doenças atingiram seus filhos. Hoje, as pessoas não falam sobre o assunto. Precisamos corrigir isso;, acrescentou Mandetta.
Tratamento pelo SUS
No Brasil, diagnóstico e o tratamento são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o tempo médio para início do ataque ao vírus é de 30 dias. ;Todos os medicamentos estão comprados. Temos que tratar para poder zerar a carga viral. Ampliamos os medicamentos também as doenças associadas, como a hepatite;, garantiu Mandetta, acrescentando que o ministério pretende distribuir 462 milhões de preservativos masculinos até dezembro ; 38% a mais do que no ano passado.
;O HIV não é uma doença silenciosa, como a hepatite. Quando a pessoa contrai, logo aparecem doenças e com uma força muito grande. Antes de termos os retrovirais, a estimativa de vida era de cinco meses. Após o lançamento do medicamento, avançou para 18 meses. Hoje, a pessoa vive apenas seis meses a menos do que a expectativa de vida de uma pessoa que não possui a doença;, destaca Gerson Pereira, diretor do departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde.
* Estagiária sob supervisão de Fabio Grecchi