Brasil

Transporte pela FAB e voos comerciais

postado em 02/12/2019 04:14
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Em um país de dimensões continentais, fazer um órgão cruzar o território a tempo de ser utilizado com sucesso em um transplante, considerando o tempo de isquemia fria (TIF), ou seja, máximo de horas que pode ficar fora do corpo, é desafiador. No caso do coração, são apenas quatro horas, o que inviabiliza a captura, por exemplo, de um coração em Rondônia para ser transplantado em Porto Alegre, depois de três horas e meia de voo, sem contar os percursos terrestres.

O TIF do pulmão também é curto, de quatro a seis horas. São 12 horas para fígado e pâncreas e até 24 horas, para rins. Por isso, uma vez identificados doador e receptor, se a distância tiver que ser vencida por via aérea, o trabalho em rede ganha ainda mais relevância e o sucesso depende de agilidade. O Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA) coordena a distribuição dos voos. Para isso, possui equipe da Central Nacional de Transplantes (CNT) para gerenciar a logística de distribuição.

Recebida a demanda da CNT, começam as buscas pelo voo adequado mais próximo, primeiro pela malha comercial. Quando o trecho não é atendido pelas linhas aéreas, o Comando de Operações Aeroespaciais (Comae) da Força Aérea Brasileira (FAB) é acionado.

Em 2017, o Decreto n; 9175, de outubro, assinado pelo ex-presidente Michel Temer, determinou que a FAB mantenha, permanentemente, uma aeronave disponível para o transporte de órgãos. Por isso, há tripulações de sobreaviso em Manaus (AM), Belém (PA), Natal (RN), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e Canoas (RS). Até setembro, a FAB transportou 121 órgãos. ;É um trabalho que exige muita coordenação. Muitas vezes não tem aeroporto perto para o pouso. Às vezes, é preciso contar com o Corpo de Bombeiros para fazer o trajeto terrestre até o hospital. Já transportei órgão de criança e, em outros casos, pessoas em coma. Procuro isolar o que está acontecendo no avião e agir como se a aeronave estivesse vazia. A emoção fica para depois;, conta o tenente Daniel Colchete Pinto, piloto que já participou da missão várias vezes.

Asas do Bem

Desde 2001, as companhias aéreas comerciais colaboram transportando órgãos gratuitamente. Mas, a partir de 2014, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) institucionalizou a participação das companhias com o programa Asas do Bem, que inclui parcerias com as companhias aéreas, o Ministério da Saúde, a Central Nacional de Transplantes, o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), órgão do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), e operadores aeroportuários.

As aeronaves que transportam órgãos têm prioridade de pouso e decolagem. De acordo com a Abear, às vezes, os pilotos que transportam órgãos fazem o comunicado aos passageiros, como forma de incentivar a doação. Não é uma regra, mas uma opção do piloto. Segundo a Abear, no primeiro semestre, as companhias aéreas transportaram 626 órgãos. (CD)






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