Brasil

Ciclo que se repete

postado em 09/12/2019 04:33


Em Brasília, a15 km da Praça dos Três Poderes, é possível encontrar uma população que já nasce inserida em um contexto cheio de desigualdades. Os moradores da Chácara Santa Luzia, área irregular da Estrutural, que surgiu em 2000, vivem sem redes de água, esgoto e energia elétrica, em condições indignas de um país que tem o IDH alto. Ana Flávia Rosa, 31 anos, é a única entre oito irmãos que chegou mais longe nos estudos. Ana tem o superior incompleto. ;Tenho três irmãos de sangue e cinco adotivos, e a única que foi até o superior fui eu. Mas a falta de dinheiro não me deixou completar;, conta.

Ana é filha de Maria Luzimar Souza, 53 anos, que só tem o ensino fundamental por causa das condições de vida, e mãe de Isaac Daniel, 2 anos, e Pâmella Crystinne, 14 anos. ;É algo que parece que passa de geração para geração. Quero que meus filhos tenham a oportunidade de entrar na faculdade como eu, mas com a desigualdade que existe aqui, é bem complicado seguir esse padrão;, analisa. Ana mora há seis anos na Chácara Santa Luzia com os dois filhos e o marido.

Bolsa Família

Atualmente, Pâmella não estuda, porque perdeu muito conteúdo em uma troca de escolas e não passaria de ano. A intenção é voltar no ano que vem para a sala de aula. Ana Flávia também planeja retornar para a faculdade para completar o curso de administração, mas sabe que será difícil, já que está desempregada, e a única renda da família são os R$ 445 que recebe todo mês do Bolsa Família.

Para ela, a mudança na desigualdade vista no país deve começar pela educação. ;Acho que precisa de mais incentivo para a educação. Mais escolas dentro da própria comunidade já ajudaria;, indica. Quem também preza pela educação dos filhos e não quer que eles repitam o mesmo caminho é Marilza de Sales, 36. A doméstica, que atualmente está desempregada, mora há quatro anos em Santa Luzia com seis filhos.

;Estudei até a sexta série porque fiquei grávida e tive minha primeira filha, com 16 anos. Espero que meus filhos cheguem mais longe nos estudos;, planeja. Para isso, ela diz que é preciso muita conversa e sacrifícios. Hoje, a casa com sete pessoas é sustentada pelo Bolsa Família. ;Eu não tive chance, porque meus pais não tinham condições. Hoje, eu não deixo meus filhos trabalhem. Faço o que for preciso para eles terem o que eu não tive e focarem só no estudo. Espero conseguir quebrar esse ciclo;, completa. (MEC)

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação