postado em 10/12/2019 04:28
[FOTO1]Após reconhecer as desigualdades do Brasil indicadas no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado ontem, o governo federal, representado pela secretária executiva do Ministério da Cidadania, Ana Maria Pellini, indicou que o país estará focado na correção desses desequilíbrios nos próximos anos do governo Bolsonaro. Ela acredita que a educação é a solução para uma sociedade mais equilibrada, e ainda afirmou que o Executivo estuda uma reformulação nos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
De acordo com o RDH, a concentração da renda no Brasil continua sendo uma das mais altas do mundo. No Brasil, 1% dos mais ricos ficam com 28,3% da renda total do país. É a segunda maior concentração de renda do mundo nesta parcela da população. O Brasil está atrás apenas do Catar, onde 1% dos mais ricos concentram 29% da renda.
Ana Maria afirmou que o governo debaterá os resultados do relatório, acrescentando ser necessário criar estratégias para que essa população afetada pela desigualdade não viva apenas de programas de transferência de renda. ;O governo estuda uma reformulação nos programas de transferência de renda para que a gente possa ter portas de saída pra todo mundo;, afirmou a secretária aos jornalistas na apresentação do relatório, em Brasília.
Ela explicou que o foco seria trabalhar com as famílias que recebem o Bolsa Família, por exemplo, para que tenham oportunidade de saída desses programas e possam conseguir uma vida melhor por ;meios próprios;. No entanto, Ana Maria garantiu que as pessoas que necessitam terão sua bolsa garantida. ;Sempre haverá aquele que precisará do governo, mas, quanto menor esse número, melhor;, ressaltou.
A secretária executiva afirmou que a educação é vista como uma saída para equilibrar o país. ;Todos os países que conseguirem vencer essa desigualdade se utilizaram da educação de qualidade. Por isso, este é um mantra neste governo. Esse é o caminho. Não se conhece outro para trazer toda a população para um patamar mais igualitário;, completa.
Políticas sociais
A professora do Departamento de Serviço Social e do Núcleo de Análise e Avaliação de Políticas Públicas da Universidade de Brasília (UnB), Priscilla Andrade, avalia que o governo não deveria se preocupar com a saída de famílias desses programas, mas sim em discutir políticas sociais mais robustas e a concentração de renda.
Para a doutora em política social, é preciso reformular o sistema tributário. ;Nós não temos um processo de distribuição de renda via tributação. Temos uma tributação regressiva. É preciso taxar grandes fortunas e lucros das empresas;, aponta.