postado em 15/12/2019 04:04
[FOTO1]Orações, banhos de cristal (luzes de cromoterapia), visita à cachoeira da Casa de Dom Inácio, farmácia, venda de ;água abençoada pelas entidades;, pedras e cristais, suvenires e livros. Os mesmos serviços continuam sendo oferecidos no local, inclusive as famosas cirurgias espirituais que, até o ano passado, eram praticadas pelo médium que hoje aguarda sentença em prisão preventiva. Os voluntários da casa explicam que, agora, tudo é feito diretamente pelas entidades.
Há um ano, a Casa Dom Inácio de Loyola, ou Casa de Dom Inácio, como é conhecida, chegava a receber dois mil visitantes por dia e até três mil, em dias de pico, segundo os voluntários do local, que antes somavam 70 pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, e hoje são 20.
A Casa é mantida com a venda dos produtos e de doações, mas os voluntários não souberam dizer o tamanho do impacto financeiro com o esvaziamento do estabelecimento. Pelo site, o Correio solicitou entrevista ao atual administrador, Hamilton Pereira, que foi prefeito de Abadiânia na época em que João de Deus montou o estabelecimento, em meados dos anos 1970, mas o pedido não foi respondido. Ele costumava ser o diretor financeiro, porém passou a responder pelo local desde que Chico Lobo, o gerente e ex-prefeito de Abadiânia, morreu em julho, depois de contrair uma bactéria, segundo moradores.
Alguns habitantes da cidade atribuem a morte do antigo gerente ao abatimento que o acometeu depois do escândalo e da prisão do amigo. Eles contam que Chico Lobo era o proprietário da principal loja de venda de roupas brancas da rua onde fica a Casa de Dom Inácio. O uso de roupas brancas é indicado aos frequentadores da Casa.
Pílulas de passiflora
Assim como antes da prisão do médium, o local oferece os serviços de curas espirituais às 8h e às 14h. Os visitantes se organizam em diferentes filas: para quem foi pela primeira vez, para quem está em uma consulta retorno e para frequentadores da Casa.
Quando João de Deus atendida, sentado em uma cadeira, os pacientes eram organizados em fila indiana. Ao fim de uma primeira conversa, que durava minutos, às vezes, segundos, ele rabiscava em um papel uma espécie de visto a praticamente todos. O papel era trocado na farmácia por um ou dois potes de pílulas de passiflora, produzidas no laboratório da Casa, que custam R$ 50 cada. Hoje, o produto é comprado livremente por quem desejar, sem a intermediação do médium.
Com visitantes numerosos, não é difícil calcular que a Casa chegava a arrecadar, pelo menos, R$ 100 mil por dia de atendimentos, que ocorriam, e ainda ocorrem, de quarta a sexta-feira. Os banhos de cristal são oferecidos a R$ 20. O visitante deita em uma maca, em cabines individuais, e recebe raios de luzes de diferentes cores por 20 minutos. As consultas são, e eram na época de João de Deus, gratuitas.
Desde o início das denúncias de abusos sexuais praticados pelo médium, o público da Casa é majoritariamente estrangeiro. Para moradores, os brasileiros que frequentavam o local, mesmo aqueles que ainda se sentem conectados à Casa, se sentem envergonhados. Na última quarta-feira, quando o Correio esteve lá, havia cerca de 20 pessoas.
Antes da prisão do médium, os estrangeiros já eram maioria e passaram a ser cada vez mais numerosos, principalmente depois da entrevista veiculada pela apresentadora americana Oprah Winfrey em seu programa, em 2013.
Ao serem questionados sobre se a manutenção da Casa indica a crença de que João de Deus voltará, os voluntários respondem que se trata de um ambiente ecumênico de cura, que funciona como uma igreja que, quando o padre se vai, outro é designado. Alguns moradores do entorno divulgam a ideia de que, em breve, um novo médium vai liderar as curas, mas João de Deus, nunca mais.
*Estagiária sob supervisão de Cláudia Dianni
"Casa de Dom Inácio é uma casa ecumênica de cura, que funciona como
uma igreja que, quando o padre se vai, outro é designado;
uma igreja que, quando o padre se vai, outro é designado;
Voluntário que preferiu não se identificar