postado em 17/12/2019 04:15
[FOTO1]O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou ontem os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento (Prodes) do Cerrado nos quais constatou que o desmatamento do bioma, de agosto de 2018 a julho de 2019, foi o menor desde o início da série histórica, em 2000. Ao todo, 6.483 km; de vegetação nativa desapareceram, o que representa, numa comparação com o período imediatamente anterior, uma diminuição de 2,26%. Mas, mesmo assim, quando se consideram apenas as unidades de conservação, a destruição cresceu 15%. Especialistas se preocupam com os números, que consideram estabilizados.
Segundo o diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil, Edegar de Oliveira Rosa, apesar da redução, os 6.483km; mostram uma estabilidade na taxa de desmatamento. Desde 2016, o número está na faixa dos 6.000km; destruídos. ;Os dados ainda estão em patamar muito preocupante. Isso para o Cerrado é um número extremamente alto. Você tem que pensar que a Amazônia, que teve 9.762km; desmatados, tem o dobro do tamanho do Cerrado;, alerta.
De acordo com as informações divulgadas em novembro, a área desmatada na Amazônia teve um aumento de 29,5% em relação ao mesmo período anterior. Edegar explica que cada bioma sofre de maneira diferente.
;Por ser um ambiente com diferentes ecossistemas, com características de ligação entre os biomas, cada pedaço que perdemos do Cerrado conta muito;, lamenta.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o território afetado abriga aproximadamente ;200 espécies de mamíferos, 800 espécies de ave, 180 de répteis, 150 de anfíbios e 1200 espécies de peixes;.
;Sob o ponto de vista da perda de espécies, é como se a gente estivesse queimando conhecimento. Temos um banco de dados de medicação, alimentos, e outras coisas, que está espelhado nessa biodiversidade do cerrado;, ressalta Edegar. Mesmo com tanta importância, a porcentagem de áreas protegidas no bioma ainda é pequena: cerca de 8,21% do território é legalmente preservado com unidades de conservação.
Números crescentes
Os números do Prodes Cerrado expõem que a quantidade de vegetação nativa suprimida nas unidades de conservação cresceu. De agosto de 2018 a julho de 2019, 517,31km; foram desmatados dentro dessas unidades ; número 15% maior do que o mesmo período anterior. O diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil acredita que o crescimento esteja ligado à impunidade em favor de quem desmata. ;Isso não é diferente do que aconteceu na Amazônia. Com essa mensagem que o governo passa, se criou um senso de impunidade, e o nível de controle dentro dessas áreas diminuiu;.
Em novembro passado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não seria possível acabar com o desmatamento e com as queimadas no Brasil, já que, segundo ele, se trata de uma questão ;cultural;. O comentário foi referente aos dados da Amazônia divulgados pelo Inpe.
O Tocantins foi o estado que teve a maior área de vegetação desmatada, com 1.495,69km;. O DF apresentou a menor variação percentual, e abriu 69,37% a menos do que no mesmo período anterior. Foram extintos 2,51km; dentro do Distrito Federal.
Definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2004, o Cerrado corresponde a 24% do território brasileiro e abrange os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo, além do Distrito Federal.
- A destruição de um ecossistema desde 2000
2001/2002 = 29.423km;
2003/2004 = 29.939km;
2005/2006 = 17.612km;
2007/2008 = 13.783km;
2009/2010 = 9.994km;
2011/2012 = 9.540km;
2013 = 13.061km;
2014 = 10.824km;
2015 = 11.675km;
2016 = 6.789km;
2017 = 7.311km;
2018 = 6.634km;
2019 = 6.483km; - Supressão de área nestes setores protegidos
2015 = 748,41km;
2016 = 435,47km;
2017 = 362,85km;
2018 = 449,68km;
2019 = 517,31km;