postado em 23/12/2019 04:03
O som elétrico hipnotizante extraído das cordas de um baixo e uma risada larga que contagiava todos ao redor. Essas são as marcas de Ubirajara Penacho dos Reis, o Bira do Sexteto Jô, que nunca serão esquecidas. O músico baiano morreu, aos 85 anos, ontem. O velório ocorreu no mesmo dia, por volta das 17h, no Cemitério do Morumbi. Às 22h, o corpo do artista seguiu para cremação no Cemitério Vila Alpina.
O baixista estava internado desde a última sexta-feira no Hospital Sancta Maggiore, na zona leste de São Paulo, por conta de um AVC. O acidente vascular cerebral causou danos neurológicos e, com o estado de saúde debilitado, Bira morreu devido a uma complicação respiratória.
O músico ficou conhecido do grande público por integrar o Sexteto do Jô, banda oficial dos programas de Jô Soares. Bira esteve lado a lado do apresentador nos dois talk shows dele: Jô Soares onze e meia, no SBT, entre 1991 e 1999; e Programa do Jô, na TV Globo, entre 2000 e 2016.
Durante a trajetória, a gargalhada e refinada musicalidade se tornaram as características mais marcantes. Elas foram destacadas pelo próprio Jô Soares em entrevista ao jornal O Globo após a morte do amigo. ;Ele era uma resistência, mesmo já debilitado. Tinha uma imensa alegria e transmitia com aquela gargalhada dele marcante;, afirmou.
Nas redes sociais, o apresentador Serginho Groisman também frisou a constante alegria transmitida pelo músico nos momentos em que se encontravam. ;Sempre bem-humorado, adorava conversar sobre música e o Corinthinas, e sobre o Bahia também, sua paixão. Ótimo instrumentista, era uma companhia alegre nos corredores por onde trabalhou. Foi a risada solta do Programa do Jô e vai deixar muitas saudades;, lamentou.
O amor pelo futebol fez com que o Bahia, time o qual era torcedor declarado, prestasse um tributo ao artista na internet, publicando um vídeo de Bira ao lado da legenda: ;Bora, Bira! Jamais esqueceremos de você. O músico baiano e tricolor do famoso Sexteto do Jô Soares ganhou os céus. Descanse em paz, Ubirajara Penacho dos Reis;.
Trajetória
Exímio músico, Bira, que nasceu em 5 de setembro de 1934, quase seguiu outro caminho. No ano passado, durante entrevista ao The noite, de Danilo Gentili, admitiu que os pais queriam outra profissão para ele. ;A música apareceu aleatoriamente, porque meus pais queriam que eu fosse médico. Até o dia em que eu vi o começo de uma autópsia e saí correndo. Nunca estudei música nem nada. Fui aprendendo com meus amigos;, revelou.
Antes de integrar o Sexteto do Jô, foi representante de uma fabricante de instrumentos musicais e teve uma carreira tocando em boates de Salvador, cidade natal dele, nos anos 1960. Autodidata, tinha o jazz e a bossa nova como os ritmos característicos de trabalho. Enquanto esteve na banda do programa de Jô Soares, gravou um disco ao vivo nos anos 2000, captado em show no Tom Brasil.
Repercussão
;Nas inúmeras vezes em que fiz o Programa do Jô, Bira era aquele ponto para onde meus olhos desviavam. Sua alegria contagiante era fundamental para quebrar o nervosismo que sempre toma conta de mim quando tenho que fazer televisão. Sua risada inconfundível era uma marca do programa. Sua lembrança permanecerá indelével no meu coração;
Nando Reis, cantor
;O ano que não termina nunca levou embora mais uma figura muito querida, Ubiraja Penacho dos Reis, o Bira. Lendário baixista da banda do Jô, figura ímpar, baiano que conquistou o Brasil com sua cara séria, que durava três segundos e explodia numa gargalhada inesquecível. Sempre me recebeu com muito carinho. Vai em paz, Bira, e cheio de grooves!”
Lúcio Mauro Filho, ator
;Nunca esquecerei as gaitadas dele. Quando fui no Jô pela primeira vez, Bira caiu da cadeira numa cascata de gargalha infinita;
Dadá Coelho, atriz