Brasil

Grupo assume ataque ao Porta dos Fundos

Correio Braziliense
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postado em 26/12/2019 04:13
Produtora do programa foi atacada após veicular especial de Natal com sátiras a personalidades bíblicas

Integrantes de um grupo de extrema direita assumiram o atentado contra a produtora do Porta dos Fundos, que ocorreu na madrugada de terça-feira, véspera de Natal, em Humaitá, no Rio de Janeiro. Em um vídeo, que começou a circular ontem na deep web, três homens encapuzados aparecem afirmando que o ato ;buscou justiçar o povo brasileiro contra a atitude blasfema, burguesa e antipatriótica;. O prédio onde fica a produtora foi atacado com coquetéis molotov. De acordo com informações da empresa, o incêndio não se espalhou pelo local por ter sido contido por seguranças.

No vídeo, os homens aparecem com os rostos cobertos por balaclava (gorro que cobre a cabeça), com símbolos integralistas (nacionalistas) no braço e uma bandeira do Brasil da época do império sobre a mesa. Imagens de um prédio sendo atacado, semelhante ao que abriga a produtora, são exibidos. As vozes foram editadas para dificultar o reconhecimento. O grupo se autointitula de Comando de Insurgência Popular Nacionalista da Família Integralista Brasileira. ;Temos o prazer de declarar que as inquietações advindas do espírito popular, hoje, foram parcialmente satisfeitas. O Porta dos Fundos resolveu fazer um ataque contra a fé do povo brasileiro se escondendo atrás do véu da liberdade de expressão;, diz um trecho da mensagem.

No vídeo é possível perceber o momento em que os coquetéis molotov são jogados por cima do muro e as chamas se espalham pelas paredes do edifício. As críticas ao canal Porta dos Fundos começaram após a veiculação do ;Especial de Natal do Porta dos Fundos, em que são feitas sátiras a personalidades bíblicas, como Jesus e Maria. ;Hoje, a sede do Porta dos Fundos foi justiçada. Uma vez que a Justiça brasileira, a modo de Judas, vendeu uma sentença ilegal a favor da Netflix, uma corporação bilionária;, completa um dos homens na gravação.

O grupo que assumiu autoria é o mesmo que queimou bandeiras antifascismo na Universidade Federal do Rio (UniRio), no ano passado. A deep web é uma camada profunda da internet, onde só é possível acessar por meio de links direcionados especificamente para a página que se deseja visitar.

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