postado em 27/12/2019 04:13
A Polícia Federal em Curitiba indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o ex-ministro Antonio Palocci; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; e o empresário Marcelo Odebrecht pela suspeita de pagamento de propina de R$ 4 milhões da Odebrecht ao Instituto Lula entre dezembro de 2013 e março de 2014. De acordo com a PF, há indícios de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
;As evidências mostraram que os recursos transferidos pela Odebrecht sob a rubrica de ;doações; foram abatidos de uma espécie de conta corrente informal de propinas mantida junto à construtora, da mesma forma ocorrida com aqueles destinados à aquisição do imóvel para o Instituto Lula;, afirma o relatório da PF, assinado pelo delegado Dante Pegoraro Lemos, da Superintendência Regional em Curitiba. A PF aponta ;dissimulação da origem e natureza dos citados valores repassados pela Odebrecht ao Instituto Lula, cujos atos foram falsamente formalizados e informados como se se tratasse de ;doação;;.
O inquérito será encaminhado ao Ministério Público Federal, que pode ou não oferecer denúncia criminal contra Lula, Palocci, Okamotto e Odebrecht. A Procuradoria pode, ainda, devolver os autos à PF para novas diligências. Em caso de denúncia, caberá à Justiça Federal decidir se abre ou não uma nova ação penal contra o ex-presidente e os demais citados.
Na avaliação do delegado, ;surgem, então, robustos indícios da origem ilícita dos recursos e, via de consequência, da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, considerando o pagamento de vantagem indevida a agente público em razão do cargo por ele anteriormente ocupado;.
Em um trecho do relatório, a PF cita a delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar, um dos 77 colaboradores da empreiteira que fizeram acordo na Lava Jato. ;(Alexandrino Alencar), disse que teve conhecimento da contabilidade paralela do grupo para pagamentos ao PT e ao ex-presidente (Lula), controlada por Marcelo Odebrecht e negociada diretamente com Antonio Palocci;, destacou a PF. Ainda segundo Alexandrino, o ex-presidente da empreiteira lhe teria dito que todas as doações ao Instituto Lula seriam ;baixadas; dessa ;conta corrente; que ele manteria com Palocci. Ele não soube explicar a origem dos recursos que abasteciam a ;conta paralela; do grupo. ;Era uma conta em nome de Marcelo Odebrecht.;