Brasil

Weintraub: "limpada boa" nos didáticos

Correio Braziliense
postado em 08/01/2020 04:04
Segundo Weintraub, saiu

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, confirmou que o governo vai mudar os livros didáticos a partir de 2021, como antecipou Jair Bolsonaro, na última sexta-feira. Em live para anunciar as ações da pasta em 2019, no Palácio do Planalto, ao lado do presidente, disse que o governo deu “uma limpada boa” e que “saiu muita porcaria”. Mas, segundo ele, outros livros de que “a gente não gosta” perderão os contratos.

Semana passada, Bolsonaro criticou os livros didáticos atuais, classificados por ele como “lixo”. Também anunciou que o governo deve, a partir de 2021, “suavizar” a linguagem das obras por considerar que os livros têm “muita coisa escrita”. Weintraub admitiu que isso ocorrerá, mas sem dar prazo, respeitando os contratos.

“O que existe, ainda, são alguns livros, daqueles que a gente manda, são contratos. (Os críticos) começaram falando que (o governo) não vai respeitar as leis, cumprir a Constituição. Justamente o oposto. Vamos respeitar as leis, os contratos foram assinados. A gente já deu uma limpada, uma boa limpada, já saiu muita porcaria, mas ainda vai (sic) alguns que a gente não gosta”, afirmou.

As mudanças dos livros didáticos, além de outras ações, visam tirar a educação brasileira do “fundo do poço”, no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). “O fundo do poço ficou em 2018. O senhor vai marcar já a reversão disso. Não dá para colocar em primeiro lugar a América do Sul ainda, porque estamos em último, mas vamos sair do fundo do poço”, disse o ministro.

O objetivo do governo é produzir livros supostamente sem ideologia. Na sexta, Bolsonaro disse que o governo deve buscar fazer com que a “garotada” tenha um ensino que possa ser útil, sem “ficar nessa história de ideologia”. E, ontem, o presidente reforçou a ideia.

“Ideologia de gênero não é para ser discutido lá (nas escolas). O pai quer que o filho seja homem, e a filha seja mulher”, sustentou. Weintraub endossou. “Quem educa é família, escola ensina. A gente espera que a família eduque as crianças”.

O ministro da Educação disse, neste governo, “sai o kit gay e entra a leitura em família”, ao fazer referência ao “Cantinho Conta pra Mim” — programa com orçamento de R$ 45 milhões, em 2020, para a criação de cinco mil espaços em creches, pré-escolas, museus e bibliotecas para receber as crianças, e ensinar os pais a praticar as técnicas de literacia em casa.

“Um dos símbolos maiores é a família e temos nossa mascote. Sou fã do Tito, que busca valorizar o papel da família com as crianças pequenas nesses primeiros momentos. Sai o kit gay e entra a leitura em família”.

Paulo Freire

Bolsonaro, por sua vez, voltou a fazer críticas ao educador Paulo Freire, patrono da educação brasileira. “Qual o resultado da educação direcionada pelo (ex-presidente) Lula? O Brasil é o último lugar (do Pisa) na América do Sul. E quem é o patrono? Paulo Freire. Não deu certo. temos que reconhecer que não deu certo”.

Weintraub acrescentou que o modelo de Paulo Freire não propôs aos alunos um sistema pautado nas experiências, diferentemente do que a atual gestão propõe. “Prova científica é evidência empírica. O que vimos depois de 20 anos? O Brasil é o último no Pisa. Todos que usam métodos não científicos estão ruins no Pisa”.

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