Correio Braziliense
postado em 09/01/2020 18:36
Uma doença misteriosa, que já se mostrou capaz de matar, tem deixado a população de Minas Gerais em alerta. Os sintomas começam com náuseas e vômitos e evoluem até a insuficiência renal de maneira rápida, em cerca de 72 horas. Os pacientes sofrem ainda alterações neurológicas, como perda de visão e paralisia facial.
Até agora, oito casos foram identificados no estado, com uma morte. Todos os pacientes parecem ter relação com o bairro Buritis, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o que deixa os moradores do local bastante apreensivos. "Estamos com medo dessa doença que não sabemos o que é, de onde veio e está localizada aqui no bairro", desabafa a administradora Viviane Tristão, 39 anos, moradora de Buritis há sete anos.
Uma força-tarefa, que envolve profissionais de saúde do estado, do Ministério da Saúde e da Polícia Civil mineira, tenta descobrir qual é a causa da doença. As suspeitas recaem sobre uma marca da cervejaria Backer, a Belohorizontina. Laudo identificou lotes da bebida contamiados com a substância dietilenoglicol.
A cada dia, novas pistas surgem, assim como novos casos. Os dois últimos pacientes foram identificados na quarta-feira (8/1), um dia depois da primeira morte. A vítima foi Paschoal Demartini Filho, 55 anos. Veja a seguir o que já se sabe sobre a estranha enfermidade.
Doença misteriosa de MG: o que já se sabe
Quais são os sintomas da doença misteriosa?
Os pacientes começam apresentando problemas gastrointestinais, como náusea, vômito e dor abdominal. Depois, surgem alterações neurológicas, como paralisia facial, visão borrada, amaurose (perda da visão parcial ou totalmente) e alterações sensitivas. O quadro, por fim, evolui para insuficiência renal.
O que causa a doença?
Ainda não há posicionamento oficial. As principais hipóteses da Secretaria de Saúde de Minas Gerais são que a doença seja provacado por um agente infeccioso, como um vírus, ou decorrente de intoxicação exógena, que é o conjunto de sintomas decorrentes da exposição a substâncias químicas tóxicas, como remédios em doses excessivas, picadas de animais venenosos, metais pesados (como chumbo e mercúrio) ou exposição a inseticidas e agrotóxicos.
A investigação da doença está sendo feita por uma força-tarefa, que inclui equipes de órgãos estaduais e do Ministério da Saúde. Amostras para testes estão sendo processadas no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed). Além disso, um médico-legista da USP, especialista em necrópsias em situações epidemiológicas, foi levado para Belo Horizonte e ajuda na análise do corpo da primeira vítima. O laudo deve ficar pronto em 30 dias.
Uma cervejaria pode ter relação com a doença?
Há indícios fortes. Quando os primeiros casos surgiram, mensagens de WhatsApp começaram a circular ligando a doença a produtos da cervejaria Backer, mais especificamente à cerveja Belohorizontina. A empresa emitiu nota negando veementemente qualquer ligação com o caso. Na quinta-feira (9/1), a Polícia Civil de Minas Gerais coletou amostras das bebidas que serão avaliadas no Instituto de Criminalística e um laudo apontou que a bebida estava contaminada com a substância dietilenoglicol.
Quantas pessoas foram afetadas?
Até a quinta-feira (9/1), oito casos haviam sido identificados. Todos os pacientes são homens e têm entre 56 e 64 anos. Um nono paciente chegou a ser avaliado, mas os sintomas dele foram considerados muito diferentes.
A doença já matou alguém?
Sim, Paschoal Demartini Filho, 55 anos, é a primeira vítima da doença misteriosa. Ele estava internado em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e morreu na terça-feira (7/1).
Quando os primeiros casos surgiram?
Os sintomas surgiram nos primeiros pacientes nos últimos dias de dezembro de 2019. A Secretaria de Saúde de Belo Horizonte se manifestou oficialmente sobre o caso, pela primeira vez, em 5 de janeiro. O sétimo e o oitavo casos foram confirmados na quarta-feira (8/1).
Os casos se concentram em alguma área?
Todos os casos foram identificados em Minas Gerais e parecem ter relação com o bairro Buritis, Zona Oeste de Belo Horizonte. Os pacientes moram no local ou seu Entorno, ou passaram recentemente por lá. O paciente que morreu, por exemplo, participou de uma festa em Buritis no fim do ano. O genro dele, que estava no mesmo evento, é outro dos pacientes.
*Com informações apuradas pela equipe do Estado de Minas
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