Brasil

Base brasileira na Antártica deve focar em estudos climáticos

A Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) será reinaugurada nesta quarta-feira (15/1)

Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 06:00
Base brasileira na Antártica: investimento de R$ 400 milhõesA Marinha do Brasil reinaugura, nesta quarta-feira (15/1), a partir das 17 horas, a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), oito anos após o incêndio que destruiu parte da estrutura anterior e matou dois militares. A nova base, construída com recursos federais de US$ 99,6 milhões (cerca de R$ 400 milhões), vai reforçar os projetos de pesquisa sobre a influência dos fenômenos climáticos do continente gelado sobre o território brasileiro.

Com a presença do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, a solenidade de reinauguração deveria ter acontecido ontem, mas, devido ao mau tempo na região, as autoridades não puderam decolar do aeroporto de Punta Arenas, no Chile, rumo à estação. A comitiva brasileira inclui também os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva; da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes; e da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Está previsto que o presidente Jair Bolsonaro participe da solenidade por meio de teleconferência, a partir de Brasília.

Astronauta, o ministro Marcos Pontes, em um vídeo postado ontem no perfil pessoal no Twitter, tratou o adiamento do embarque com tranquilidade. “Tá aí uma coisa a que eu estou acostumado a esperar, como piloto, e até nos lançamentos ao espaço, que têm uma condição muito estreita em que é possível fazer o lançamento", disse o ministro.

A nova estrutura da estação brasileira ocupa uma área de aproximadamente 4.500m2. Com capacidade para até 65 pessoas, ela abriga um total de 17 laboratórios – a base anterior tinha apenas quatro.

A reinauguração da EACF acontece em meio às comemorações dos 38 anos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A iniciativa consiste na realização de pesquisas sobre mudanças climáticas, absorção de gás carbônico atmosférico, aspectos biológicos e neurobiológicos, entre outros campos. O Brasil é membro pleno do Tratado da Antártida desde 1975.

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) é responsável por coordenar a política de pesquisas continente antártico. Segundo a pasta, mesmo após o incêndio de 2012, pesquisadores continuaram a atuar na região, com a utilização de uma logística que envolveu navios, acampamentos, refúgios e módulos automatizados.

A última chamada pública para o Proantar foi lançada em 2018, com previsão de recursos de R$ 18 milhões, dos quais R$ 12 milhões são provenientes do MCTIC. Em 2019, a pasta liberou R$ 9 milhões, e os R$ 3 milhões restantes devem ser pagos em agosto deste ano. Ao todo, 19 projetos foram aprovados.

O prédio principal da EACF está dividido em três blocos. O Leste, por exemplo, é destinado a pesquisas, convívio e serviços. Ele conta refeitórios, cozinha, setor de saúde, sala de secagem, oficinas e 14 laboratórios – os outros três laboratórios estão localizados na área externa da estação. O Bloco Oeste abriga 32 camarotes, biblioteca, academia e sala de vídeo. No nível inferior estão os paióis de mantimentos e os tanques de água potável e de combate a incêndio. O Bloco Técnico, por sua vez, é responsável por todo o controle e demanda da rede elétrica, sanitária e automação da estação, além de possuir espaço destinado à garagem de viaturas. Essa estrutura inclui estação de tratamento de água e esgoto, praça de máquinas, geradores, sistema de aquecimento de água, setor de tratamento e incinerador de lixo e paióis. A nova base brasileira na Antártica tem capacidade para suportar temperaturas negativas, nevascas e ventos de até 200 km por hora. A estrutura ainda possui sistemas de detecção, alarme e combate a incêndios.

Após o incêndio de 2012, os escombros da antiga base começaram a ser retirados no mesmo ano. Posteriormente, a Marinha lançou um edital para a reconstrução da estrutura, mas até 2014 nenhuma empresa se candidatou a participar da licitação. Uma nova concorrência foi lançada em 2015, e a companhia chinesa Ceiec foi escolhida para realizar as obras.

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