Brasil

DF tem duas alunas com 1.000 pontos

Correio Braziliense
postado em 18/01/2020 04:12

Tirar 1.000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não é tarefa fácil. Anualmente, apenas uma pequena proporção de candidatos alcança pontuação máxima no texto. Na edição de 2019, entre os mais de 3,9 milhões inscritos, 53 pessoas conseguiram a façanha ao escreverem sobre o tema “Democratização do acesso ao cinema”. No outro extremo, mais de 143 mil tiraram zero.

Entre as 53 redações nota 1.000, 32 foram escritas por mulheres, incluindo as duas do Distrito Federal com pontuação máxima. As jovens campeãs com ótimo desempenho têm em comum o desejo de cursar medicina, a conclusão do ensino médio no Centro Educacional Leonardo da Vinci e o fato de fazerem cursinho.

Ana Clara Socha, 21 anos, e Gabriela Lopes Alencar, 19, se dedicam ao Enem há alguns anos e atribuem o bom resultado a treino e orientação de professores. Em 2019, Ana Clara fazia no mínimo duas redações por semana. Gabriela tinha a mesma prática no primeiro semestre e aumentou a frequência para três na segunda metade do ano. Ambas as estudantes ficaram surpresas e felizes com o resultado, além de animadas com o impacto que a nota 1.000 pode ter rumo à aprovação em medicina.

“Quanto mais alta a pontuação melhor, qualquer pontinho faz diferença. Na última edição, eu não passei por centésimos. Se eu tivesse tirado 20 pontos a mais na redação, eu teria passado”, conta Gabriela, aluna do cursinho Único Educacional, em Taguatinga.

Ana Clara não considerou o tema difícil. “A gente treina bastante tema cultural. Eu sabia que tinha argumentos para escrever”, relata. A Universidade de Brasília (UnB) — que adota a nota do Enem como forma de ingresso em seleção própria — e a Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) — que adota o Sisu — estão nos planos das jovens.

Com relação a dicas para saber construir uma boa redação, ela indica treino e apoio especializado: “Eu acho que fazer muitas redações é essencial, além de ter um bom corretor para te ajudar e procurar sempre repertórios para enriquecer a redação”. Treinar o tempo é outro conselho. “Durante a semana, eu fazia simulado com tempo a menos, pois teve provas que eu não consegui terminar. Treinar assim me ajudou. Então, no dia do Enem, consegui fazer todas as questões.”

Equilíbrio

Com tradição de notas altas no exame (em 2017 e em 2018, ela tirou 900), Gabriela destaca a importância de fazer simulados. “Nos fins de semana, era o que eu fazia no cursinho. Ou então, eu imprimia prova do Enem para fazer em casa”, detalha.

Ela alerta, porém, que apesar de a dedicação ser fundamental, o equilíbrio também deve ser valorizado. “Os alunos que estudam para o Enem precisam cuidar da saúde mental. Eu via gente que não dormia direito, que dizia ‘vou estudar até morrer’ e, às vezes, tinha resultado até pior”, afirma. E acrescenta:

“Eu priorizei me cuidar. Não dá para só estudar. O segredo para essa minha nota na redação e para as minhas notas no Enem, que foram boas no geral, está em focar o exame e descansar.”

Em anos anteriores, Gabriela dividiu a atenção entre o Enem e vestibulares, o que ela avalia que acabou trazendo um resultado pior. “Acho que você deve focar só no Enem. A prova é meio ciumenta”, brinca. Isso também para o texto. Antes, ela era mais acostumada com o modelo de redação cobrado pela UnB, por exemplo no Programa de Avaliação Seriada (PAS) e no vestibular. Em 2019, ela passou a treinar só para o modelo de dissertação do Enem.

Uma dica que ela dá é, além de escrever, corrigir. “Não adianta só fazer. Revisar depois com um professor é o ideal. Muita gente não tem acesso a isso, mas tem alguns canais no YouTube que ajudam muito. Por exemplo, alguns alunos que tiraram nota 1.000 na última edição fizeram vídeos dando dicas muito boas”, aponta. (CL)

* Estagiárias sob supervisão de Ana Paula Lisboa e Fabio Grecchi

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